domingo, 27 de dezembro de 2009
“Jesus continua ainda procurando pousada”
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Feliz Natal!
“É Natal! Glória a Deus!”
A vida começa, pura e humilde, contrariando a lógica de quem não desejava o seu nascimento. Muito fizeram para que a profecia não se realizasse. Mas Deus é teimoso, Ele acredita no ser humano e, acima de tudo, cumpre sua promessa. A certeza da encarnação tornou-se realidade eucarística em Jesus de Nazaré.
Neste Natal, somos convidados a tornar possível a encarnação do nosso Deus no seio da comunidade humana. Possibilitar o nascimento da vida no coração das pessoas é vocação de todos aqueles que acreditam e esperam no Cristo Jesus. Muito há de ser feito, pelos que tentam dominar as consciências e as almas, para que mais este Natal seja símbolo de uma sociedade consumista e egoísta, orgulhosa e cega. Porém, para quem crê no Deus da Esperança, este é um momento forte para revelar ao mundo o verdadeiro rosto de Deus.
Meus irmãos e irmãs, somos todos chamados a “dar à luz” o Cristo Vivo, que vem para nos libertar das correntes que nos escravizam, do pecado que nos torna menos humanos. Devemos deixar-nos guiar pelos caminhos que Deus desejou para nós e nele levar a certeza de Sua promessa cumprida. A certeza de que Ele fortalece e renova a esperança de quem sofre. Repito: muitos serão os empecilhos em nossa caminhada. Mas este é o Natal do Deus que caminha conosco, do Emmanuel, que nos sustenta no deserto e, quando dele saímos, não nos deixa esquecer aqueles que lá ficaram.
Deus nos pede para realizar o sonho mais lindo que Ele sonhou: que o amor seja gerado entre os homens e que os homens vivam no amor. Que o Natal não seja apenas uma troca de presentes e uma mesa farta para poucos, mas que o povo do mundo abra os olhos para a miséria que o mundo vive. Que este seja o Natal da Verdade, o Natal que traz a Vida e mostre o Caminho a ser seguido. Sejamos também teimosos, como foi o nosso Deus, e trabalhemos juntos para construir o Novo que vai chegar. Sigamos esperançosos, cantando a nossa história, profetizando... “muito tempo não dura a verdade nestas margens estreitas demais, Deus criou o infinito para a vida ser sempre mais...” Derrubemos as margens que impedem o Cristo nascer!
Glória a Deus nas alturas e
Paz na terra aos homens por Ele amados!
Floraí/PR - 24/12/2009
terça-feira, 24 de novembro de 2009
2012: O fim do mundo?
Antes de que a humanidade supra suas carências básicas e reformule a relação com a natureza, alguns prognosticam que finalmente os grãos serão selecionados a fim de equilibrar a nossa senda evolutiva. Ainda que eu tenha ressalvas diante deste argumento, acredito que as tochas que renitem acesas nas nossas mãos devem iluminar atitudes e esforços para que os países dialoguem em irmandade e desapareçam situações nefastas, como a fome.
Para tratar de uma das mazelas, o combate à crise alimentar e a luta contra a fome foram os objetivos temáticos da Cúpula Mundial de Segurança Alimentar, que se realizou em Roma entre 16 e 18 de novembro e foi promovida pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, da sigla em inglês).
Em foros anteriores, o prazo para erradicar a fome mundial havia sido estipulado para 2025. Estas reuniões tomam em conta que os preços dos alimentos nos países em desenvolvimento são elevados, aumenta o número de famintos no mundo e a questão afeta um de cada seis seres humanos, o que não é uma quantidade desprezível. Nesta ocasião, não se reiterou uma data limite para acabar com a fome mundial nem se firmou um acordo para que os países mais desenvolvidos destinassem novos recursos para incentivar a agricultura.
O alerta de que a população mundial cresceria mais rapidamente que a provisão de alimentos não é recente, porém este problema aliado ao desmatamento, a mudança climática e o depósito de lixo geram um cenário apocalíptico. Demandam-se maiores investimentos agrícolas nas regiões em que residem os pobres e famintos, principalmente América Latina, África e Ásia, enquanto o protecionismo dos países mais ricos é prejudicial às economias menos desenvolvidas. Vale recordar que a agricultura é fonte de renda para 70% dos pobres no mundo.
Na Cúpula de Roma, propôs-se a necessidade de uma "governança mundial" para regular as questões alimentares, uma vez que a balança tem pesado mais de um lado a partir dos esforços concentrados nalguns países. Segundo a organização não-governamental Action Aid International, Brasil, China e Índia tiveram o melhor desempenho na redução da fome. Nesta avaliação, releva-se a poluição atmosférica na China e a contaminação de água e esgoto na Índia.
A crença no fim do mundo transforma-se em convicção, mas talvez não tão precoce quanto as previsões para 2012. Triste é aceitar que os cálculos científicos apontam nessa direção apesar da descrença de alguns. Somente no quesito alimentação, um bilhão de seres humanos sobrevivem com fome ou não resistem. Regiões inteiras do planeta são esquecidas pelo progresso material de outrem. Para um final apocalíptico, tem que juntar fatores. Já os acumulamos de sobra.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Artigo: O MST, o STF e a Função Social da Propriedade
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Como medir o valor de um grande homem?
Lebret
Thiago, meu irmãozinho, sabe como se mede o valor de um homem? Pelos sonhos que ele tem. E só se reconhece um grande homem pela coragem que ele tem de lutar pelos seus sonhos. Certa vez me disseram que é bobagem buscar ser um grande homem, talvez seja para quem já desistiu de ser homem, mas para nós essa busca deve ser constante e, sobretudo, verdadeira. Ser um grande homem não significa ser melhor que os outros, mas ser, a cada dia, melhor do que foi ontem. Superar-se a si mesmo no percorrer da vida a caminho da eutopia: eis o significado que para mim tem o ser “grande” do homem.
Escrevo isso com o chamativo de seu nome por acreditar que você está entre os poucos que se superaram e que trazem consigo as marcas indeléveis desse caminhar. E perceber isso me deixa muito feliz, pois tenho a teimosa certeza de que minha fé está certa. Tenho o costume de depositar fé nas pessoas que se deixam revelar-se pelo olhar. Nos últimos anos tive a graça de ter fé em muitas pessoas. É isso que me anima a ter fé em mim mesmo.
Em meio ao campo de batalha, na perseguição mais violenta, na câmara de tortura, no avião prestes a cair ou no navio que afunda, o grande homem é aquele que não esquece as razões pelas quais está lutando. A fé depositada, a esperança militante, nesses homens, jamais conhece a derrota. Jigoro Kano dizia que quem teme perder já está derrotado. Medo sempre haverá, porém ele não pode impedir a luta. E o que me torna mais esperançado é ver jovens como você, e outros tantos, buscando a grandeza de serem homens, acreditando na vida, superando-se a cada dia. Segundo Lebret, “é preciso propor aos homens um grande objetivo... eles sofrem por serem convidados, apenas, para o medíocre”. Que o grande objetivo de nossas vidas seja esse: o de sermos grandes homens.
No Caminho... no fraterno abraço da esperança, que espera dos outros o que não desistiu de querer...
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
OPTAR PELA VIDA! (C.F 2008)
A escolha do tema deste ano é a “expressão da preocupação com a vida humana, ameaçada desde o início pelo aborto até sua consumação com a eutanásia”. Tema preciso e desafiador! Somos colocados diante de uma escolha entre a morte (aborto e eutanásia) e a vida.
O lema se inspira na Bíblia. O povo de Israel se encontrava a caminho da Terra Prometida. Em sua longa peregrinação, foi encontrando vários povos, com os quais devia se relacionar e dialogar. Esses povos tinham outra cultura e outros deuses, aos quais era solicitado a adorar, esquecendo Javé que os havia libertado da escravidão do Egito. Optar por esses deuses significaria esquecer o projeto libertador de Javé e, portanto, a morte. Optar pelo Deus libertador significaria caminhar para a liberdade, e, portanto, para a vida (Dt 30,11ss). Coube ao povo escolher! E o povo - ainda que entre lutas e sacrifícios - escolheu a vida! E foi fiel a Javé e à caminhada libertadora!
Este dilema se coloca para nós hoje no que diz respeito à vida. Estamos vivendo numa cultura, na qual muitos defendem, com base nos atuais conhecimentos científicos sobre a fertilidade humana, uma posição de liberdade quanto à geração de filhos. O argumento é de que o bebê aceito dentro de um planejamento familiar terá melhores condições afetivas e materiais para seu desenvolvimento. Ao contrário, os bebês concebidos em situações de ignorância, imprudência, aventura e irresponsabilidade social não teriam condições ideais de vida. Os que se declaram favoráveis ao aborto afirmam que a defesa da vida, como proposto na Campanha da Fraternidade, é assunto religioso. E a sociedade, ao se autodefinir como laica, pode traçar caminhos próprios, alegando, inclusive, razões de saúde pública.
Entretanto, se contemplarmos o espetáculo maravilhoso da natureza, tudo o que nos encanta - desde as mais pequeninas células de nosso organismo até a grandeza dos astros - e nos dermos conta de que tudo isto “conspira” em favor da vida, não poderíamos deixar de nos interrogar sobre a origem de tudo isto.
Quem nos fala expressamente da origem da vida é a Bíblia. Após criar o mundo, Deus disse que “tudo era bom” (Gn 1,21), e quando criou o ser humano, homem e mulher, disse que “era muito bom” (Gn 1,31). O mundo criado por Deus é belo. Procedemos de um desígnio divino de sabedoria e amor.
O Documento de Aparecida nos ajuda a refletir: “A vida é presente gratuito de Deus, dom e tarefa que devemos cuidar desde a concepção, em todas as suas etapas, até a morte natural, sem relativismos. A globalização influi nas ciências e em seus métodos, prescindindo dos procedimentos éticos. Discípulos de Jesus, temos que levar o Evangelho ao grande cenários delas, promover o diálogo entre ciência e fé e, nesse contexto, apresentar a defesa da vida. Este diálogo deve ser realizado pela ética e em casos especiais por uma bioética bem fundamentada. A bioética trabalha com essa base epistemológica, de maneira interdisciplinar...” (DA, 464-5).
“Assistimos hoje a novos desafios que nos pedem ser voz dos que não têm voz. A criança que está crescendo no seio materno e as pessoas que se encontram no ocaso de suas vidas são exigência de vida digna que grita ao céu. A liberalização e a banalização das práticas abortivas são crimes abomináveis, como também a eutanásia” (DA, 467). O texto base nos convoca ao discernimento sobre: vida, pessoa humana, avanço das ciências, esterilidade conjugal, gestação indesejada, manipulação do embrião, vida afetivo-sexual, pobreza, violência, sofrimento e morte.
Como o Povo de Deus, é preciso optar pela vida. E quem heroicamente fez a opção pela vida de seu bebê foi Santa Gianna Beretta Molla. Nascida em 1922, em Magenta, perto de Milão na Itália, teve ótima educação cristã. Formou-se em medicina e cirurgia pela Universidade de Pavia e se especializou em pediatria na Universidade de Milão. Em 1955, casou-se com Pietro Molla. Teve 1 filho e 3 filhas. Na gravidez da última, foi descoberto um fibroma no útero. Consciente do problema, levou para frente a gravidez e disse a seu médico: “Se você precisa decidir entre eu e a criança, escolha a criança”. Deu à luz à criança e uma semana depois faleceu, com 39 anos de idade. Foi reconhecida a santidade de sua vida manifestada no heroísmo desta opção pela vida de sua filha. Foi canonizada em 16 de maio de 2004.
Deus nos conceda zelar pela vida e a lutar por políticas públicas em sua defesa, tendo presente neste ano eleitoral, ações que visem garantir o direito à vida, em cumprimento do artigo 5º da Constituição Federal e dar aos idosos dignas condições de vida. Santa Gianna Beretta Molla interceda!
Dom Jacyr Francisco Braido, CS, Bispo de Santos
NAZISTAS PELO DIREITO DE DECIDIR
Como o grupo mesmo afirma, é uma entidade de caráter inter-religioso, ou seja, não pode ser tratado como um grupo católico. E mesmo se em sua constituição houvesse a menção “entidade católica”, suas atividades e ideologias o tornam, em sua essência, incompatível com a fé católica e com as leis da Igreja. Conforme o Código do Direito Canônico, quem praticar ou ajudar na prática do aborto está sumariamente excomungado. Isto é, o grupo Católicas pelo Direito de Decidir não tem nenhuma ligação com a Igreja Católica. É uma farsa cujo objetivo é cultivar as sementes da morte no seio da sociedade brasileira.
A Carta Encíclica Evangelium vitae, do Papa João Paulo II, sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana, afirma que “o ser humano deve ser respeitado e tratado como uma pessoa desde a sua concepção e, por isso, desde esse mesmo momento, devem-lhe ser reconhecidos os direitos da pessoa, entre os quais e primeiro de todos, o direito inviolável de cada ser humano inocente à vida” (EV 60). Assim, matar um ser humano é sinal de desvalorização da vida, que precisa ser protegida em toda e qualquer circunstâncias, independentemente de há quanto tempo e de como está existindo.
Ser favorável ao aborto é ser contra os ensinamentos da Igreja, e do próprio Cristo, que quer “vida plena” para todos. Não é mero moralismo ou antiliberalismo de minha parte, da parte da Igreja ou de qualquer um que defenda a vida. Trata-se de coerência com a fé na qual e pela qual nos propomos viver.
Segundo a CNBB, em nota de 03 de março de 2008, o grupo “é uma entidade feminista, constituída no Brasil em 1993, e que atua em articulação e rede com vários parceiros no Brasil e no mundo, em particular com uma organização norte-americana intitulada ‘Catholics for a Free Choice’. Sobre esta última, a Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos já fez várias declarações, destacando que o grupo tem defendido publicamente o aborto e distorcido o ensinamento católico sobre o respeito e a proteção devidos à vida do nascituro indefeso; é contrário a muitos ensinamentos do Magistério da Igreja; não é uma organização católica e não fala pela Igreja Católica. Essas observações se aplicam, também, ao grupo que atua em nosso país”.
Acredito, pessoalmente, que a defesa da vida é o maior dogma da Igreja Católica e que todos os que se acham contrários a ele devem repensar sua participação no seio das comunidades católicas. Defender o aborto é defender o assassinato de inocentes, é digno dos piores carrascos nazistas.
A seguir, a mensagem de Dom Jacyr Francisco Braido, Bispo de Santos, para a Campanha da Fraternidade do ano passado.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Francisco...
João XXIII
Irmão Chico, a Igreja de nosso Irmão Jesus mudou muito. O povo está mais consciente de sua participação e de sua importância. Os padres, em sua grande maioria, desceram dos púlpitos e estão mais próximos das pessoas. Apesar de alguns exemplos contrários, a Igreja, enfim, optou pelos pobres da Terra. O clero deixou a sacristia e foi fazer passeata em favor dos direitos da vida e da liberdade. A Igreja aproximou mais sensivelmente sua ação ao Evangelho de Cristo, a Boa Nova que tu também seguias. Mas Chico, nem tudo é alegria para nós. Ainda persistem as rachaduras e a imensa distância entre pregação e vida. Ainda há ruínas em nossa Igreja.
Dias atrás uma mãe procurou-me para falar de seu filho. Um jovem bonito, com 19 anos de idade, participante de um grupo de jovens e freqüentador assíduo das Missas de Domingo. Havia três dias que estava trancado em seu quarto, fugindo do mundo, entregue às drogas. A mãe, desesperada, não sabia mais o que fazer. Fui ter com ele e depois de quatro dias ele abriu a porta do quarto. Estava com os olhos fundos e vermelhos, pálido e gelado como um corpo morto. Apenas uma pergunta e uma resposta. Eu: “Por que isso?”; ele: “Me sinto sozinho!”
Hoje, meu irmão, as pessoas estão em profundo e sistemático desencontro. Tu não imaginas o quão difícil é reunir visinhos, amigos, pais e filhos. Grupos eles têm de monte, mas desaprenderam a encontrar-se verdadeiramente. Falam de tudo e de todos, menos de si mesmos. Querem saber de todas as notícias, mas não querem perder um minuto sequer para ouvir o que o outro tem a falar. Muitos abraçam, mas poucos descobriram o poder de um abraço. Hoje os abraços estão maliciosos e interesseiros. Como isso me machuca! Sei muito bem que em tua época as coisas também eram difíceis, as relações de opressão eram infinitas. Contudo, ainda havia espaço para o “eu”; em minha época, as pessoas não se importam nem consigo mesmas.
São as rachaduras de nossa Igreja, fortemente marcada pelo ritualismo vazio, pelo sentido sem sentido, pela hipocrisia, pela falta de acolhida e pela mecanização das relações. Não há mais os “moralismos” que afastaram milhares de (in)fiéis durante anos. No entanto, em muitos lugares, instalou-se como um problema crônico a falta de moral e de decência. Os padres falam mas não são ouvidos. Nós, enquanto Igreja, estamos errando muito na maneira de agir com o nosso povo. Lembra-te dos votos? Pois é, a pobreza não cabe mais nos dicionários de muitos religiosos; a obediência só é lembrada quando as “autoridades” sentem o perigo das críticas; a castidade virou sinônimo de celibato, não mais se ensina o respeito pelos outros e por si mesmo, a fidelidade, a honestidade e a mansidão. Sim, estamos errando de maneira insuportável. Se um jovem que não faz parte da comunidade eclesial se perde pelo caminho, é triste e doloroso, porém entendemos que ele não tinha para onde ir. Mas quando um jovem, membro da Igreja, se perde desta maneira, é sinal de que não estamos oferecendo sequer o necessário. Lembrei-me agora que tu dizias que o necessário era apenas Deus. Provavelmente, irmão Chico, não estamos sendo sinal de Deus na vida da Igreja. Muito triste!
Precisamos rezar mais. Talvez um bom exemplo de prece seja aquela bonita oração, que não sei se realmente é tua, mas que simplifica a nossa missão: “Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado; compreender que ser compreendido; amar que ser amado”. Precisamos acreditar mais em milagres, como tu acreditavas. O mundo é tão frágil sem milagres, a liturgia é tão vazia sem milagres, a vida é tão salgada se não se abrir para o milagre de Deus. Fazer a vontade do Pai, ter a mesma vontade de Deus, eis o milagre.
Irmão Chico, perdoe-me pelo desabafo. Mas dói muito ver que estamos perdendo oportunidades reais de salvar vidas para nos preocupar, entre outros, com o tamanho e a cor da toalha da Mesa na qual Cristo se doa incondicionalmente. Pesa-me, sobretudo, minha insignificância para querer mudar e criticar tais coisas. Tu não te preocupavas em falar porque sabia de tua insignificância diante dos grandes e importantes. Mas falava e ensinava como um santo e incomodava feito um profeta. Tu não te vias como grande, mas há quem te comparasse a uma “pedra de escândalo”, maior grandeza entre os que seguem a Pedra que os pedreiros rejeitaram. Obrigado por teu exemplo, irmão Chico, amado Chico, São Francisco.
Paz e Bem!
São Francisco de Assis
Francisco de Assis nasceu na cidade de Assis, Úmbria, Itália, em 1182. Pertencia à burguesia, e dessa condição tirava todos os proveitos. Como seu pai, tentou o comércio, mas logo abandonou a idéia por não ter muito jeito para isso. Sonhou, então, com as glórias militares, procurando desta maneira alcançar o status que sua condição exigia.
Contudo, em 1206 para espanto de todos, Francisco de Assis abandonou tudo, andando errante e maltrapilho, numa verdadeira afronta e protesto contra sua sociedade burguesa. Entregou-se totalmente a um estilo de vida fundado na pobreza, na simplicidade de vida, no amor total a todas as criaturas. Com alguns amigos deu início ao que seria a Ordem dos Frades Menores ou Franciscanos.
Pobrezinho de Assis, como era chamado, foi uma criatura de paz e de bem, terno e amoroso. Amava os animais, as plantas e toda a natureza. Poeta, cantava o Sol, a Lua e as Estrelas. Sua alegria, sua simplicidade, sua ternura lhe granjearam estima e simpatia tais que fizeram dele um dos santos mais populares dos nossos dias.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
HOMO PESTIS
"É preciso propor aos homens um grande objetivo".
Lebret
“O que proponho [...] é uma reconsideração da condição humana à luz de nossas mais novas experiências e nossos temores mais recentes. É obvio que isto requer reflexão; e a irreflexão – a imprudência temerária ou a irremediável confusão ou a repetição complacente de ‘verdades’ que se tornaram triviais e vazias – parece ser uma das principais características do nosso tempo. O que proponho, portanto, é muito simples: trata-se apenas de refletir sobre o que estamos fazendo” (Hannah Arendt, A Condição Humana, p. 13.).
Hannah Arendt propõe que se “reflita sobre o que estamos fazendo”. Nas mais diversas oportunidades que a vida nos dá para parar e refletir acerca de nossas atitudes e, sobretudo, nossas relações humanas, deve haver um profundo respeito para com a experiência de cada homem e com seu modo de ver e julgar o mundo que o circunda. Ora, cada um de nós tem uma identidade pela qual é conhecido e pela qual se permite conhecer. É impossível, partindo do pressuposto do respeito pela experiência de cada pessoa, apresentar uma outra identidade que não seja aquela apresentada no dia a dia. Não que esta identidade seja imutável, mas mesmo as mudanças são perceptíveis à luz da experiência relacional de cada um. O que tem se verificado, são pessoas que usam de sua capacidade cognitiva (sapiensa) para usufruir das oportunidades, são os chamados “oportunistas”. Negam a caracterização do homo faber e mesmo do homo laborane para se tornarem homo pestis. Esses, verdadeiros abutres na caça pelo que devorar, quebram a cadeia das relações por simples interesse próprio. O homem relacional cede lugar ao animal repulsivo (pestis).
O mundo existente é fruto da atividade humana e, ao ser pensado e executado, abre caminho para a libertação do homem da natureza. Ao “criar” o mundo, o homem tenta romper sua mortalidade ao mostrar que o que ele faz pode tornar-se “imortal” ou, pelo menos, sobreviver por muito tempo. Aqui, o animal repulsivo põe fim ao processo tornando sua obra delinqüente, i.é, ele mesmo deseja perpetuar-se , não importando os meios para fazê-lo, mesmo que os meios destruam suas próprias obras. Vê-se muito as identidades sendo reformuladas de modo constante, sem nenhuma preocupação com as experiências relacionais. Como pode um indivíduo que nega o direito de manifestação a um certo grupo oferecer-se para integrar esse mesmo grupo num determinado movimento histórico? Pode ele ter mudado tão drasticamente, da negação à aprovação? Se fixarmos a reflexão num certo contexto, teremos a constatação de que tal indivíduo não mudou, tampouco está aprovando o grupo, mas apenas aproveitando de uma oportunidade de seu interesse próprio (oportunismo). O homo pestis joga com as oportunidades para estabelecer um domínio sobre as possibilidades que lhe aparecem.
Como afirma Lebret, “é preciso propor aos homens um grande objetivo”, capaz de fazê-lo nobre em sua própria e inequívoca identidade. Refletir sobre o que estamos fazendo é indiscutivelmente a melhor estratégia para sabermos se estamos nos tornando homo pestis ou se estamos reestruturando a nossa existência a partir da idéia de homo frater, aquele que vive e se comporta impecavelmente nas cadeias relacionais. O homem é constantemente lançado ao mundo, onde a ação e o discurso revelam sua identidade, uns aos outros, na cadeia das relações intersubjetivas, penetrando no autentico espaço político, na polis, como diria L. R. Benedetti, no qual a consciência crítica torna o homem um ser para a liberdade, adquirindo sua plena identidade pessoal. O homem que não traduz sua identidade no seu agir, torna-se profundamente repulsivo, intrinsecamente pestis de sua raça.
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
A PARÁBOLA DA FAIXA PRETA
Depois de anos de treinamento incansável, o aluno finalmente chegou ao auge no êxito da disciplina.
"Antes que eu lhe dê a faixa você tem que passar por outro teste" , diz o sensei.
"Eu estou pronto", responde o aluno, talvez esperando pelo último assalto da luta. "Você tem que responder à pergunta essencial: qual é o verdadeiro significado da faixa preta?"
"O fim da minha jornada", responde o aluno, "uma recompensa merecida pelo meu bom trabalho".
O sensei espera mais. É óbvio que ainda não está satisfeito. Por fim, o sensei fala: "Você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte daqui a um ano."
Um ano depois, o aluno se ajoelha novamente na frente do sensei.
"Qual é o verdadeiro significado da faixa preta?", pergunta o sensei.
"Ela significa a excelência e o nível mais alto que se pode atingir em nossa arte." responde o aluno.
O sensei não diz nada durante vários minutos, esperando. É óbvio que ainda não está satisfeito. Por fim ele fala: " você ainda não está pronto para a faixa preta. Volte daqui a um ano."
Um ano depois, o aluno se ajoelha novamente na frente do sensei e mais uma vez o sensei pergunta: "qual é o verdadeiro significado da faixa preta?"
"A faixa preta representa o começo - o início da jornada sem fim de disciplina, trabalho e a busca por um padrão cada vez mais alto." , responde o aluno.
"Sim. Agora você está pronto para receber a faixa preta e iniciar o seu trabalho!"
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
São Pio de Pietrelcina - 23 de setembro
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
O DIÁLOGO DOS PÁSSAROS
denotam os limites do meu mundo.”
(Wittgenstein...)
Ao iniciar esta reflexão que não pretende ser uma coisa muito estruturada, quero expressar meus sentimentos ao tratar do Diálogo e minha teimosa esperança ao tratar dos “pássaros”. Tenho para mim que o Diálogo ocupa um lugar particular e preciosíssimo na vida do humano. Sua função primária é ser sacramento universal de comunhão, mensageiro dos valores incomensuráveis do Reino. É no Diálogo que encontramos a fronteira para o outro: podemos transpor tal fronteira ou nela encerrarmos a caminhada. Os “pássaros” são figuras do entendimento do humano que o transportam para o mundo da imaginação. Ser pássaro é saber voar, ser livre e aproveitar cada espaço no qual pode cantar. Também pode ser um sacramento se visto como sinal de comunhão. Mas onde e como pode um pássaro ser sinal de comunhão? Os pássaros dialogam entre si e com a natureza, não obstante tocam os ouvidos humanos com cantares de beleza singular. Emprestando um escrito de Ramon Llull, “... estava o pássaro no jardim do Amado e veio o amigo e disse ao pássaro: ‘se não nos compreendemos por linguagem, compreendamo-nos pelo amor, pois teu canto revela aos meus olhos meu Amado’”. Este é o sinal que percebo nos pássaros, seus cantos inspiram liberdade, sua liberdade inspira-me a Deus.
Cada pássaro tem uma vocação a cumprir. E a vocação de cada um deles representa uma contribuição irrepreensível à natureza. Como escreveu Antoine Saint-Exupéry, “se cada tijolo não estiver no seu lugar, não haverá construção”. Eles não escolhem os melhores tijolos para a construção que almejam, mas usufruem de todas as asas e bicos de que dispõem. Cada pássaro deve cumprir sua vocação. A linguagem usada para esse serviço é a do bem-comum. Todos os pássaros trabalham para a edificação de sua Casa. Não diferenciam ou escolhem os que desfrutarão de seus esforços, mas doam sua energia para aqueles que podem, de alguma forma, ajudá-los a serem mais pássaros. Arrisco chamar tal diálogo-serviço de amor. Pois é uma forma de ajudar o Criador a continuar construindo sua Obra. É linguagem fronteiriça, pela qual delimitamos o nosso mundo e re-iniciamos sua construção.
Acontece que para o humano essa fronteira significa limite extremo. Como é difícil para o humano perceber que o Diálogo pode construir novos céus e nova terra! Parece que estamos fadados ao exclusivismo, à escolha medíocre de conceber o mundo apenas sob o aspecto dos “meus” olhos. O humano tem a infeliz capacidade de não dialogar, mas de viver monologamente mesmo rodeado de gente. Voltando ao prisma de uma construção, a tentativa humana de chegar ao término da obra sempre esbarra na sua tentativa de ser “eu” e não “nós”. Sem o Diálogo a construção tende a desmoronar. Diferentemente dos pássaros, o humano escolhe os melhores tijolos para sua construção, também escolhem os braços que mais os agradam. Essa escolha impede que cada humano cumpra sua vocação, permitindo que certos humanos elejam a vocação de outros humanos. A linguagem usada aqui é a da autossatisfação, do egoísmo e da falta de solidariedade. Alguns humanos devem trabalhar para a edificação da casa de outros poucos. A doação e o diálogo só são vividos com aqueles que estão moldados ao meu pensamento e ao meu modo de vida. Aqui o amor tem uma denotação plural: o amor que não está ininterruptamente construindo, está continuamente destruindo. O amor que não brota, morre.
Penso que o que falta ao humano para que conquiste a liberdade dos pássaros seja exatamente o Diálogo. Tive uma experiência muito curiosa nos poucos dias que passei com minha família nas férias. Meu avô ganhou dois passarinhos e os pôs cada um em uma gaiola. Ambos cantavam sem parar, da mesma forma que os passarinhos que voavam livres em meios às árvores. Por muitas vezes pus-me a ouvir seus cantos e comecei a diferenciar o canto dos passarinhos presos com o dos livres. Os cantares dos que estavam nas gaiolas eram amargurados, pareciam preces intermináveis. Percebi então que presos ou livres os pássaros não param de cantar. Os livres cantam sua liberdade, seu direito de voar e de ter com outros pássaros. Os presos cantam seu sofrimento, sua ânsia de voar. Ao cantar, outros passarinhos vinham observá-los, como uma visita esperada. Logo o quintal de casa estava repleto de rolinhas, pardais, beija-flores e cardeais. Confesso que em certo momento imaginei-me numa grande Eucaristia, celebração da vida daqueles que desejam a liberdade.
O humano, bicho estranho e sem lógica. Quando triste não canta, se magoado não canta, como também não canta em sua autoprisão. Prefere o silêncio de sua gaiola ao Diálogo dos pássaros. Pobre humano, perde sem saber a chance de fazer o amor brotar. Só será ouvido aquele que falar. O entendimento só acontece quando há amor, Diálogo é essencial. Os pássaros têm coragem de cantar porque sabem que a força dialogal de seu canto pode transpor fronteiras. Mesmo sabendo que seu canto não pode libertá-los fisicamente, cantam porque os outros pássaros – os livres – trabalham juntos para a edificação da Casa comum, nesse caso, a Liberdade. Poderiam estar voando alto e longe, mas doam seu direito de voar para aqueles que estão os ajudando a serem mais pássaros. O humano põe limite ao seu cantar, por isso seu mundo é tão pequeno. Os pássaros, ah, os pássaros não conhecem limites para seus cantares, por isso podem se gabar de ter o mundo todo como Casa.
Por fim, os passarinhos continuaram presos, porém,
conheceram o magnífico significado de serem Pássaros...
Arcebispo de Campinas nomeia novo cônego do cabido metropolitano
Padre Jerônymo foi ordenado no dia 05 de dezembro de 1997, por d. Gilberto, e passou pelas paróquias de Santo Antônio e Nossa Senhora da Candelária, ambas em Indaiatuba. É formado em economia e teologia pela PUC Campinas. Foi vice-ecônomo da Cúria Metropolitana e vice-presidente da Mantenedora da PUC Campinas. Desde 2004 é reitor do Seminário Imaculada de Filosofia e capelão do Templo Votivo da Santíssima Eucarístia.
O Cabido diocesano de Campinas foi constituído no dia 03 de novembro de 1909. Em 1958 o Cabido recebe o título de Metropolitano e tem o número de cônegos aumentado de dez para doze. Segundo o Cânon 503 do Código do Direito Canônico, as funções dos Cônegos ficam relegadas quase que exclusivamente a funções litúrgicas, com exceção do Cônego penitenciário, que pelo Cânon 508 tem faculdade de absolver as censuras latae sententiae e também as penas expiatórias, conforme o Cânon 1312.
Em Campinas, as funções do Cabido foram aprovadas por d. Gilberto, em 1999 e confirmadas por d. Bruno em 2008. São elas: A manutenção da história da Arquidiocese e das Paróquias, coletando informações de interesse histórico, organizando os livros e bens de valor histórico; a responsabilidade pelas construções, reformas e vigilância dos templos, capelas e de todas as demais obras de arte.
Atualmente, são Cônegos Catedráticos da Arquidiocese de Campinas: Cônego José Júlio, Cônego Carlos Menegazzi, Cônego Álvaro Ambiel, Cônego Antônio Teixeira, Cônego José Luiz Nogueira Castro, Cônego Luiz Carlos Magalhães, Cônego Pedro Cipolini, Cônego Pedro Piacente, Cônego João Fávero, Cônego Jerônymo Furian, Monsenhor José Antônio Moraes Bush e Monsenhor Valdemiro Caran.
O Cabido ainda conta com três Cônegos Honorários, pertencentes à Diocese de Amparo: Cônego Clodoaldo de Paiva, Cônego José Veríssimo e Monsenhor Nilo Corsi.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Dom Paulo se manifesta acerca da crise política
Telegrama de dom Paulo para seu sobrinho, senador Flávio Arns, em vista de sua saída do PT.
Santo Agostinho - 1579 anos de sua morte
Em suas Confissões, Santo Agostinho se confessa diante de Deus e diante dos homens. Essa afirmação óbvia deve ser completada com outra não tão evidente: seu objetivo ao se confessar diante dos homens não é tanto para que o conheçam, quanto para que os homens se conheçam a si mesmos. Pretende que seu relato seja como um espelho onde possam se olhar. Ele nos faz conhecer isso com clareza, pois a obra contém uma dupla declaração de intenções. A primeira é esta:
"Para que escrevo isto? Simplesmente para que eu e todos os que lerem estas páginas pensemos de que abismo profundo se deve chamar por Vós" (Confissões 2,3,5).
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Dizer teu nome, Maria
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Cartão Vermelho!!!
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
e com a liberdade de decidir se é para a vida ou para a morte”.
(Hilário Dick)
O Encontro teve como linha de reflexão o documento Evangelização da Juventude, da CNBB. Segundo o padre Hilário, o documento lembra que a tarefa evangelizadora exige o kerigma, ou melhor, o anúncio de uma “conversão” – da morte para a vida. Nesta tarefa o/a assessor/a (acompanhante) de juventude precisa planejar sua ação atento/a a todas as situações que não geram vida. Onde houver sinal de morte, ali deve estar presente o/a acompanhante, que age-provoca-altera-anuncia-denuncia. A morte não é o fim, e nem entorpece o cristão. Aqueles/as que crêem em Jesus não se deixam abater mesmo diante da morte, mas são anunciadores/as da ressurreição, portadores/as da vida em abundância.
Tivemos a oportunidade de refletir o papel desempenhado pelos/as assessores nos mais diversos momentos da juventude, devendo ser eles/alas, para a juventude, verdadeiros acompanhantes. E este serviço, como um ministério de assessoria, tem uma missão muito bonita, “exigente como o amor, escancarada como a esperança e enraizada como a fé”; cabe aos ministros/as da assessoria o papel desafiador de dar à juventude as ferramentas necessárias para que possam abrir, cada vez mais, os caminhos para a Civilização do Amor.
Agradecemos com muito carinho a todos/as os/as participantes deste Encontro, vindos de Amparo, Bragança Paulista, Campinas, Limeira e Piracicaba. Juntos, numa próxima etapa de nossa formação, poderemos construir laços ainda maiores de solidariedade, amizade e companheirismo.
Alimentando-nos sempre da utopia do Reino, até uma próxima oportunidade e que o Deus da Esperança nos cumule de muito amor para podermos partilhá-lo verdadeiramente com nossa querida juventude.
Paz e Bem!
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Não era bem assim!
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
I Encontro de Formação de Assessores da PJ Campinas
Batalha ética!
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
PARTIDO DOS TRABALHADORES: A ESPERANÇA E A ÉTICA FORAM JOGADAS NO LIXO!
Por mais de uma década, desde a minha adolescência, via no Partido dos Trabalhadores um diferencial ético que poucos partidos sustentavam. Este diferencial era abertamente vivido por pessoas como Plínio de Arruda Sampaio, Marina Silva, Eduardo Suplicy, Aloísio Mercadante, Cristovam Buarque, Carlos Signorelli e tantos outros, inclusive Lula e Dirceu, que defendiam uma política mais democrática, justa e transformadora. Acreditava que me filiar ao PT era uma responsabilidade que eu não era capaz de viver. Era o Partido dos sonhos dos jovens da Pastoral da Juventude, dos Grêmios Estudantis, dos grupos de amigos que se reuniam para discutir coisas do dia-a-dia. Particularmente, o PT incutiu em minha adolescência uma Esperança singular de tornar realidade o que era a nossa utopia. Participar do processo que levou o companheiro Lula a ocupar a cadeira de Chefe do Estado foi uma de minhas maiores realizações. Era o início de um projeto que transferiria o poder para o povo. Ser petista era muito mais que pertença política, era uma opção real pela ética e pela democracia, por uma “Revolução” que, segundo o Manifesto de Sion de 1980, tinha como objetivo buscar “conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados e nem exploradores”.
Hoje, de todos os nomes citados, poucos estão no Partido. O PT fez alianças espúrias, pactuou-se com o diabo, preferindo perder ícones de sua história, como os companheiros Plínio, Cristovam, Marina e tantos outros. A ética deu lugar à luta por poder, ambições pessoais e por um descaso incontinente pela vontade popular. Onde está o PT das lutas e do socialismo? Cadê as bandeiras éticas e autônomas? Creio que já não importa mais. O PT de Luiz Inácio, de José Dirceu, de Ideli Salvatti, Berzoini e cia ltda, enterra por completo a esperança de reconstrução deste partido que aprendi a amar e pelo qual, agora, sinto um possesso desprezo. Aquele PT que lutou pela abertura política, pelo retorno do exilados, pelo impechment do presidente Collor... hoje abraça esse mesmo Collor, defende Renan Calheiros, inocenta um dos maiores crápulas da política brasileira, José Sarney, sem dar ao Congresso o direito de investigá-lo. Como dizia Bertolt Brecht: “Quem não conhece a verdade não passa de um tolo; mas quem a conhece e a chama de mentira é um criminoso!”. Assim considero esses “mui companheiros” que negaram a seus pares o direito da dúvida. CRIMINOSOS!
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
RECONCILIAÇÃO E RESSURREIÇÃO
Na contramão da corrente existencialista, que afirma que o homem é um ser para a morte, acredito que o homem é um ser para a ressurreição. É muito difícil falar sobre o “futuro” do homem, mas recorro a uma passagem do Evangelho, mais precisamente em Mateus, onde alguém diz a Jesus: “Senhor, deixa primeiro que eu vá sepultar meu pai”. Todos sabem que Jesus não seria contrário ao dever do filho de enterrar seu pai, mas vê neste homem alguém que caminha para trás, que leva sobre seus ombros uma carga tão pesada do passado que não o deixa seguir em frente, tomar as rédeas de sua vida. Por isso Jesus responde daquela maneira: “Siga-me, e deixe que os mortos sepultem seus próprios mortos”. O que Ele quis dizer é que aquilo que passou, que deixamos para trás, está morto, será lembrado pelo que representou em nossas vidas, mas não pode impedir a nossa caminhada. É uma bela imagem do mistério da reconciliação. Re-conciliar significa tornar harmônico o que antes havia se discordado, unir o que está separado, significa encontro. Reconciliação é o que Jesus realizou na cruz, fazendo com a humanidade uma nova aliança. O que Ele nos propôs foi que deixássemos para trás as coisas passadas, os homens e mulheres velhos que éramos para que nos tornássemos homens e mulheres novos. Reconciliação do gênero humano. Ressurreição.
As folhas de uma árvore morrem porque são conduzidas pela vida, por obediência à vida. O tempo me empurra para frente porque é a reconciliação dos homens e das coisas que me impulsiona. Toda a vida está numa etapa de reconciliação, caminhando, assim, rumo a um encontro. Todo o ciclo da vida encontra-se debaixo da lei da ressurreição. Que assim seja! As tardes caem para que as noites possam nascer. A vela queima para que possa iluminar. As sementes morrem para que uma nova vida germine. Tudo prepara uma forma de depois, o agora se torna uma passagem constante que nos conduz para frente. O que fizemos ontem foi essencial para sermos o que hoje somos. Arrependimentos sempre virão, pois somos sensíveis a nós mesmos, não sabemos não ser. Sofrimentos são pedaços de nós que ficaram espalhados pelas esquinas da vida; esquinas que dobramos com o desejo de alcançar outras esquinas. É preciso nos recompor, encontrar todos esses pedaços e juntá-los, reintegrando-os ao nosso todo, para podermos encontrar a nós mesmos.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Gripe H1N1...
Festival de Besteiras que Assolam o País (FeBeAPa 2)
Festival de Besteiras que Assolam o País (FeBeAPa 1)
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
A Bíblia pela ótica feminina
Em nosso país, destacam-se Ana Flora Anderson, Teresa Cavalcanti, Wanda Deifelt e Athalya Brenner. O Centro de Estudos Bíblicos (Cebi) há anos forma, pelo Brasil afora, homens e mulheres dos setores populares em novos métodos de interpretação bíblica, pondo fim ao monopólio clerical e machista.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
35º ano da morte de Frei Tito
Há 35 anos (10/08/1974) morria frei Tito de Alencar Lima, religioso da Ordem dos Dominicanos, vítima das brutais torturas que o aparelho repressor do Governo Militar usava para controlar seus opositores. Frei Tito foi torturado barbaramente pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, no DOPS e no DOI-CODI, Frei Tito apresentou seqüelas psicológicas profundas que o levou à depressão e ao suicídio, depois de ter se tornado nacional e internacionalmente conhecido pelas denúncias da tortura nos cárceres brasileiros.
Ao fim da exibição do filme, os jovens (com idades entre 15 e 27 anos) expuseram seus sentimentos acerca da história. Alguns se mostraram muito sensibilizados pela realidade apresentada pelo diretor Helvécio Ratton, que adaptou para as telas o livro de Frei Betto. Outros chegaram a duvidar que aquilo realmente acontecia em nosso país. Mas o sentimento que mais esteve presente nas partilhas ouvidas após o filme foi o de perturbação. “Ninguém mais quer que isso se repita”, dizia o jovem Felipe, de 17 anos. A certeza que fica para esses jovens é que todos os fatos descritos no filme só não se repetirão se eles participarem efetivamente da vida política do país, cobrando e lutando por maiores liberdades e pela verdadeira democracia.
Um filme que mostra todo o heroísmo de uma minoria que lutou pela liberdade de todo um povo, enganado e espoliado pela Ditadura Militar.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Senado Federal está agonizando!
- Tasso Jereissati: "Não aponte esse dedo sujo para cima de mim.”
Este deprimente diálogo não foi o único momento vergonhoso no senado. Deixa-me cada vez mais inconformado o papel que a bancada paulista do PT se sujeita a fazer naquela casa. No dia de hoje foi lida pelo senador Cristovam Buarque (PTB/DF) o manifesto pelo afastamento do presidente da casa. Tal manifesto foi assinado pelas bancadas do PSDB, PDT, DEM, PSOL e pelos senadores Tião Viana (PT-AC), Flávio Arns (PT-PR), Augusto Botelho (PT-RR), Pedro Simon (PMDB-RS), Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e Renato Casagrande (PSB-ES). Mais uma vez os senadores Aloizio Mercadante e Eduardo Suplicy se negaram a pedir a renúncia de Sarney. Mais uma vez doem em minha consciência os votos confiados a estes senadores.
É com dor no coração que afirmo, mais uma vez, que o Senado Federal está agonizando. Ele precisa de ar puro, de circulação. E isso só será possível quando os velhos coronéis deixarem, uma vez por todas, de serem eleitos por meio de nossos próprios votos, de nossa fraca memória e comprada consciência.