quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

VOCAÇÃO SACERDOTAL: SAUDADE, ETERNA COMPANHEIRA


“Caminharei por Ele, que é o Caminho. Pregarei com Ele, que é a Verdade. Morrerei n’ele, que é a Vida. Com Ele, até a dor é alegria. Sem Ele, até a alegria é dor”.



Tem dia que bate uma saudade...


Saudade de quem está longe, saudade de nossa infância, das brincadeiras de criança, do colo amoroso da mãe, das conversas acaloradas e despreocupadas entre amigos, saudade de momentos especiais e inesquecíveis, saudade do silêncio, saudade de Deus. Saudade de quem partiu para sempre de nossas vidas, se é que pode haver uma eterna partida.


Não trato em minhas palavras de saudade materialista, mas de completude. Não é apego egoísta às coisas materiais ou às pessoas coisas, mas é amor por aquelas pessoas que, ao passar em nossas vidas, cativaram nossos corações. Trata-se da pessoa completa, inteira, total.

Saudade é uma palavra intrigante. Não sabemos o que é realmente, mas sentimos as dores que traz. Largar tudo... talvez a grande maioria das pessoas não entende o que isso significa. Abandonar a família, os amigos, a vida profissional e segura, para seguir numa estrada da qual não sabemos absolutamente nada. Sim, o “largar tudo” é condicional aos que querem aventurar-se nesta misteriosa estrada. Saudade. Opúsculo nobre dos que amam e deixam ser amados. Perturbadora. Para quem não sabe o real significado da expressão “largar tudo”, talvez não entenda quão perturbadora é a saudade.


Penso que é por isso que dói. Dor de verdade, não uma angústia interior. Dói fisicamente, pois marca profundamente a carne. A despedida, a distância, a mudança de vida diante de alguém que deverá ficar para trás, de alguém que pouco, ou até nunca mais veremos, que já não poderemos tocar. Ô, Saudade doída! Penetrante na alma... estigma na carne.


Se não tivermos um olhar diferente sobre a saudade, corremos o risco de reduzi-la a dor. E esse olhar é de quem tem opção convicta e apaixonada de que deve “largar tudo”. Aos poucos a tristeza e a dor cedem lugar a uma serena saudade – não menos inquieta que outrora – e uma sincera esperança de que o “largar tudo” é condição primeira para “oferecer inteiramente” o que as pessoas precisam. Por isso desejamos largar tudo: para oferecer-nos inteiramente aos que carecem profundamente de amor.


E a estrada nos ensina, a cada passo dado, a beleza estonteante da vida e, conseqüentemente, o cuidado que devemos dispensar em aproveitar o nosso hoje, em amar sem medidas, em ensinar e aprender, em perdoarmos, em sermos santos hoje, em buscar a justiça sempre. O santo padre Bento XVI já nos disse: “Vocês, jovens, não são o futuro da Igreja e da sociedade... vocês são o presente da Igreja e da sociedade!”. Opção, não destino. Fazemos a opção de seguir os passos de Jesus de Nazaré. Por Ele renunciamos a ter nossas casas, nossas famílias, renunciamos aos prazeres e oportunidades que o mundo oferece, às riquezas, às honras. O que importa? A saudade traz consigo a dor, mas a dor traz oculta em si a graça, aquela abrigada na cruz. Da crise da saudade vem o crescimento e a maturidade da ressurreição. E, depois de um tempo, a saudade volta, não mais como lacuna vazia, mas como companheira: ela nos traz a esperança, mensageira do Amor!


Saudade. Largar tudo. Memória. O que importa? Ele abriu essa estrada. Sofreu essas dores. Morreu por nossas vidas. Caminhamos por Ele, que é o Caminho. Pregamos com Ele, que é a Verdade. Morreremos n’Ele, que é a Vida. Com Ele, até a dor é alegria. Sem Ele, até a alegria é dor. Iremos entre os pobres e os socorreremos, mesmo que nos expulsem. Amor sem medida e sem restrição. E o amor... este nunca largaremos!


Maycon Mazzaro 26/11/2008

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Princípio Esperança, de Ernst Bloch

Ainda não é noite o dia todo, ainda há uma manhã para cada noite. (Ernst Bloch)

O processo do mundo ainda não está decidido em nenhum lugar, nem tão-pouco está frustrado; e os homens podem ser na terra os guardiões do seu rumo ainda não decidido, quer para a salvação, quer para a perdição. O mundo permanece, na sua totalidade, como um fabril laboratorium possibilis salutis.
(Ernst Bloch)

“Que as coisas continuem como antes, eis a catástrofe!” Essa frase é de Walter Benjamin, esquecida em um dos labirintos do monumental Paris, capital do século XIX. Talvez seja uma das imagens mais precisas do que venha a ser o espírito do princípio esperança que o filósofo Ernst Bloch nos anuncia. Vivemos entre essa catástrofe apontada por Benjamin, com sua força destruidora que nos joga subitamente de volta aos ritmos já conhecidos da música do mundo triste, sempre tão igual, e a esperança de uma outra manhã que surpreenda como algo novo. Bloch é um dos grandes filósofos da utopia e construiu em seus 92 anos de vida uma surpreendente reflexão acerca da esperança, mostrando o quanto esse sentimento-conceito foi negligenciado.

Ao apresentar uma breve e densa história da filosofia, da história e da política, Bloch mostra como a destreza dos espíritos, pela maquinaria do funcionamento social, trancafiou os sonhos em redomas coloridas e esvaziou de tal forma o espírito das utopias, chegando, hoje, a usar tal termo para desqualificar uma ação. Com o livro O Princípio Esperança, primeiro de uma série de três volumes, Bloch aposta na esperança e reafirma a força dos resistentes. O livro foi escrito entre 1938 e 1947 enquanto a humanidade vivia tempos de grande destruição (Segunda Guerra Mundial), e alguns sonhos foram queimados de forma cruel em campos de extermínio (tanto os campos prisionais nazistas como os campos “laboratoriais” estadunidenses). Bloch faz do texto uma forma de protesto contra a cultura do mal que se desenhava em seu país (Alemanha). O livro começa com cinco perguntas – secas, diretas e essenciais: “Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? O que esperamos? O que nos espera?”.

Bloch foi muito cauteloso para penetrar a escuridão e poder sair, como ele mesmo diz, da paralisia de nosso miserável conhecimento. Ele insiste, em vários momentos do livro, em afirmar que há uma proximidade que turva o olhar, da mesma forma como ao pé do farol não há luz. Sem um horizonte que nos acorde de nossa letargia acomodada não podemos ver mais nada. Sem a provocação do amanhã não poderemos sair do castelo das fatalidades descrito por Leibniz. Mas o fundamental é que se trata de um horizonte que nos joga no aqui e no agora. Esse é, aliás, o princípio motor das utopias desde Tomas Morus e sua ilha de sonhos. As utopias sempre foram literaturas críticas que almejavam pensar o agora e transformá-lo. Bloch não se conforma a tal realidade, que nos sugere que o “sonho” precisa ser sonhado para nos manter funcionando como máquinas que esqueceram seu princípio de funcionamento. Há sonhos que paralisam!

Critica, assim, o sonho contemplativo, disfarçado com as roupagens do grande saber e que joga o sujeito contemporâneo em uma eterna prorrogação do viver. É surpreendente que tenhamos esperado quase 50 anos para ter a tradução dessa obra no Brasil. Como um livro que aborda o futuro demora tanto para chegar num país que, nas palavras de Stefan Zweig, é o país do futuro? Essa obra surge como a luz de uma estrela distante, mas ainda em alcançável. Certamente serão poucos seus leitores, pois ninguém, infelizmente, tem mais tempo e fôlego para um livro de mais de 400 páginas (os três volumes somam mais de mil páginas).

Aqueles, no entanto, que se aventurarem nessa experiência fantástica, encontrarão imagens surpreendentes que Bloch extrai de inúmeros campos do conhecimento e, sobretudo, na literatura. Imagens que nos convocam à ação e tentam substituir o bafo do porão pelo ar da manhã, como diz Bloch. Assim, podemos recuperar as imagens do sonho que move a vida e que nos faz acreditar ainda em um Outro Mundo Possível.

Vivemos contaminados pelo ontem, pelo senso comum que anestesia as potências criativas que todos, em algum canto da alma, possuem. A utopia está tanto nos grandes movimentos sociais que a história já conheceu como nas pequenas ações que podem revolucionar o dia de qualquer um de nós. Superar o velho hábito confortável que nos conduz à mesma trilha no meio do deserto, dizer o que ainda não se disse, imaginar o que ainda não existe é o que alimenta a esperança. Bloch não negligencia esses detalhes em sua obra, mesmo que construa como pano de fundo de sua reflexão uma densa análise das amarras que o capitalismo teceu e, como contraponto, um outro pensamento inspirado, sobretudo, em Marx, que apostava em uma humanidade socialmente possível.

Recorre também à arte, indicando a criação como a revolta necessária que nos conduz ao amanhã. Percorre inúmeras obras na literatura, na música, no teatro, na dança, no cinema, nas artes. Reconhece que é no ato de criação que a vida é possível, e assim podemos nos poupar um pouco da morte, já que viver cada dia as mesmas coisas vai nos matando aos poucos.

São poucos os livros de Bloch disponíveis nas livrarias brasileiras, e a maior parte de sua obra ainda continua inédita em português. Bloch quer pensar como se dão as realidades, as categorias do possível, o verniz das ideologias, o desperdício das forças vitais capturadas no fatalismo interesseiro que diz: não há saída! “Quando não se consegue achar uma saída para a decadência, o medo se antepõe e se contrapõe à esperança”, diz Bloch. Medo e esperança são palavras presentes em nossa história política recente. Diante o panorama de catástrofe que o país vem vivendo, entre a violência da esquina e a indecência nos bastidores da política, a reação possível é arriscar no juízo de Bloch de que pensar é ultrapassar. Pensamos com imagens. Assim precisamos de novas imagens que redesenhem nossas vidas com o cuidado de não aquecer a mesma sopa na panela nova. É catastrófico o relato de Thomas Bernhard de que, retornando à escola depois da guerra, percebeu, substituindo a fotografia de Hitler, um crucifixo. O prego, contudo, era o mesmo. Mudar o prego significa sonhar para frente, já que o princípio esperança de Bloch aposta no que ainda não-veio-a-ser. Precisamos ultrapassar as fronteiras da esperança!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Coisas...

Hei, juventude!

Trabalhar, estudar, namorar, beijar, ver tv...

Tudo tão importante e ao mesmo tempo tão insignificante.

Deseja ser grande mais se sente pequeno, frágil, descartável.

Ainda não saboreia o que o mundo tem de melhor.

Vivem nos esquemas criados por seus pais.

Não podem nada...não são capazes de nada! É tudo tão passageiro...

Pra que pensar no futuro se tenho que viver o momento presente?

De uma coisa tenho certeza: Precisam crescer, pois o mundo os aguarda em suas teias de relacionamentos.

Se está feliz ou Infeliz? Não importa o que sente ou o que pensa. Quem dita as regras são eles: os capitalistas, os imperialistas, os marxistas e seus interesses de poder... poder... + poder.

Chega!
Basta!

Comecem a descobrir o hoje para viver o amanhã diante de suas escolhas.

Cadê a liberdade?!
Acorda, juventude! A liberdade deve ser conquistada, ela não existe por si mesma e não será dada de mãos beijadas pelos que manipulam suas mentes.
Acorda, juventude!!!!

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A fé precisa de sustentação

O mais belo espetáculo que um povo pode proporcionar é, sem dúvida, o da própria fé. Não digo os espetáculos midiáticos nos quais nossas Celebrações Eucarísticas estão se diluindo, mas o espetáculo humano da esperança no qual reside a nossa fé. Tenho verificado pessoalmente manifestações comovedoras da fé que anima o nosso povo, principalmente os mais humildes e empobrecidos, e por isto desejo expressar sinceramente a minha admiração.

Durante as Missões Populares da Arquidiocese de Campinas em 2007, nas comunidades que hoje formam a paróquia Nossa Senhora Auxílio da Humanidade, um episódio deixou-me emocionado e, sobretudo, incomodado. Ao reunir-me com algumas crianças do bairro Campo Belo, pude indagá-las acerca do que esperam do futuro, especialmente no que diz respeito à profissão que sonham ter. Algumas responderam que sonham em ser médicos, advogados, empresários etc, no entanto, um menino chamou-me a atenção quando disse que gostaria de ser “ladrão”. Ora, o que leva uma criança de cinco anos sonhar com tal ocupação? Respondeu-me que sendo ladrão poderia levar comida para casa.

O que isso tem a ver com o “espetáculo de fé” do povo? Absolutamente tudo, penso eu. O bairro mencionado está localizado na periferia de Campinas, debaixo do aeroporto de Viracopos, cercado de inúmeros bairros e vilas carentes formados por casebres e ocupações irregulares. A área é dominada pelo tráfico de drogas e, na maior parte do tempo (exceto em época de eleições), esquecido pela administração pública. O sistema de saúde é precário, como também são precárias as escolas, o transporte público, os serviços de saneamento básico e a oferta de lazer para a população, além de ter grande parte de seus moradores em situação de desemprego e subemprego. O que leva o povo desta região acreditar na vida e no futuro? Será que são as promessas políticas que os fazem crer que o amanhã poderá ser melhor?
Busco explicações na fé real daquele povo. Isso mesmo, “fé real”, não uma fé teórica aprendida em sala de aula ou catequese, mas a fé que germina de suas próprias vidas, do sangue que derramam para sustentar suas famílias, para agüentar o pesado fardo do trabalho explorado e do pouco caso dos que moram em condomínios fechados. Sim, esse povo “possui a estranha mania de ter fé na vida”.

Mas a fé precisa de comunhão e direção. Outro fato que me inquieta é o enorme tempo que aquela região ficou abandonada também pela Igreja. Não me esqueço que Igreja somos todos nós, mas não há Igreja se não houver um ponto ou uma “ação” aglutinadora que proporcione vida à comunidade. Foi o que muitas pessoas buscaram nas inúmeras comunidades protestantes situadas perto de suas casas. E para mim, particularmente, isso não é ruim. Ruim foi o distanciamento entre Igreja Católica e o povo daquela região, mantido por um grande período de tempo.

Talvez o principal determinante para a resposta daquele menino à minha pergunta fora esta situação de “perda de boas referências”. A fé brota da esperança cultivada a cada dia por aquelas pessoas. E este espetáculo é revelado na luta diária pela sobrevivência e pelo amanhecer de uma nova realidade. No entanto, para que esta fé tenha verdadeiramente bons frutos, é preciso apresentar-lhes uma Boa Nova pela qual podem esperar, um rosto no qual podem se espelhar e um Caminho no qual podem seguir. E tudo isso quem pode oferecer são aquelas pessoas que já conhecem a razão de sua fé. Não podemos permitir que o belo espetáculo da fé se transforme em um triste futuro para aquele menino e outros milhares que depositam suas esperanças em outras referências, em falsos ídolos.

Dizia o santo papa João XXIII que “o milagre dá-se quando a vontade dos homens é a mesma de Deus”. Para que o milagre aconteça faz-se necessário que o projeto de Deus, revelado por Jesus Cristo, seja apresentado àqueles que, embebecidos de fé, não sabem para onde olhar. Talvez a nossa vida, como cristãos, não possua uma característica mais clara que a lealdade e a convicção de que Cristo é necessário e verdadeiro para construir o futuro. É o que pode sustentar a fé de um povo tão machucado para que possam continuar manifestando tamanho espetáculo de esperança.
Maycon Mazzaro

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Festival Canções da Juventude - Campinas

"O rosto de Deus é jovem também, e o sonho mais lindo é Ele
quem tem. Deus não envelhece e tão pouco morreu, continua vivo no povo
que é seu. Se a juventude viesse a faltar, o rosto de Deus iria mudar"
(Jorge Trevisol)
Quero parabenizar toda a juventude presente na final do Festival Canções da Juventude, no dia de ontém, no colégio São José em Campinas. Foi uma bonita festa em comemoração ao Centenário de nossa Diocese e em celebração à nossa querida juventude. Vimos e ouvimos a criatividade, o empenho e a riqueza dos jovens com suas músicas, danças e teatros. É uma beleza e também uma grande contribuição para a fé daqueles que acreditam na força transformadora da juventude.

Parabenizo também todas as bandas que se apresentaram no palco do "Canções da Juventude". Todas foram vencedoras pois cantaram com o coração a história centenária da diocese de Campinas, anunciando, com suas músicas, a presença do Cristo Ressuscitado na vida de nossa Igreja.

Destaco ainda a organização do evento pela Área Pastoral Juventude, que soube unir movimentos e pastorais numa linda festa, não em nome de A ou B, mas em nome de nosso Irmão Jesus Cristo.

O Jubileu da Juventude aconteceu e mostrou a realidade de uma Igreja jovem e participativa, alegre e apaixonada pelo Reino. Deixo um abraço fraterno à RCC, ao TLC, ao COF, à PU, PV, à comunidade Pantokrator, ao Conselho de Leigos e a todos os organismos que contribuiram para tal celebração da juventude. Um abraço e um beijo especial levo para a Pastoral da Juventude que se fez presente e nos animou com seus cantos, gritos e sua energia toda particular e evangélica.

PARABÉNS BANDA S.A... PARABÉNS JUVENTUDE... PARABÉNS IGREJA DE CAMPINAS...

E dia 9 de Novembro tem mais... é o Dia Nacional da Juventude que será celebrado por nossos jovens na cidade de Campinas. São os 35 anos da Pastoral da Juventude. São os jovens querendo pautar as razões de seu viver.

PJ aqui... PJ lá... PJ em qualquer lugar!!!

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Amor desarmado na espera de uma nova humanidade

“O que são os horrores da guerra, as violências sobre os inocentes, a miséria e a injustiça que se abatem sobre os mais fracos, senão a oposição do mal ao Reino de Deus? E como responder a tanta maldade a não ser com a força desarmada e dasarmante do Amor que vence o ódio, da Vida que não teme a morte?”.
─ pp. Bento XVI
Ângelus, 31.Ago.2008, Castel Gandolfo


A humanidade caminha rumo a horizontes desconhecidos e ela é constantemente remodelada. Ela está sempre caminhando, topando com limites que, então, já não são mais limites; tomando consciência deles, ela os ultrapassa. Entretanto, a humanidade sofre dores de parto. Para caminhar faz-se necessário partir e isso causa dores indizíveis. O ser-humano tem medo da dor, foge das implicações do caminho. Aqui, afugenta-se no alívio imediato do eu-indisponível, da “egonomia” resultante da modernidade consumista e da qual resulta a maior escravidão da humanidade: O Homem escravo de si mesmo.
Mas o Homem pensa e pensar é ultrapassar. Consciente da opressão infligida sobre si, a humanidade sente a necessidade de ser libertada e redimida. A criação sofre e espera a verdadeira liberdade, aguarda um mundo diferente, melhor; espera a libertação.
O Homem é isso: Um ser esperançado e esperançador. E a esperança, para nós, cristãos, é o incomensurável dom Pascal; por isso a esperança jamais será coisa inalcançável, mas a conseqüência da realidade da Ressurreição.
É preciso partir, mesmo com as dores, ultrapassar os limites da esperança, pois, verdadeiramente, este mundo novo esperado supõe, incontrastávelmente, uma nova humanidade.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Pastoral da Juventude: Vocação Missionária


Como sabemos, a Pastoral da Juventude nasceu, ou seja, teve seu Pentecostes, quando se tornou uma pastoral missionária. Já existiam núcleos pastorais que atraiam os jovens para seus grupos e ali procuravam evangelizá-los. Porém, uma pastoral que fosse ao encontro da juventude, em uma constante descoberta de sua vocação missionária, só passa a existir quando o jovem se descobre evangelizador de outros jovens. Mas o que vem a ser “missão”? Num breve resumo, missão é o caminho da Palavra de Deus percorrido de pessoa para pessoa, de comunidade para comunidade, de povo para povo. O objetivo da missão não é somente recrutar povos para a “cristandade”, em torno de Jesus Cristo. A missão tem uma finalidade mais complexa: REUNIR as pessoas, as mais diferentes, no Povo de Deus, COM Jesus Cristo e a CAMINHO de um Mundo melhor.
A Missão também teve um começo. Foi na madrugada do Domingo de Páscoa, quando Maria Madalena e a outra Maria foram ao tumulo de Jesus e o encontraram vazio. Ficaram surpresas e amedrontadas, mas logo veio a Boa Nova: “Ele não está aqui. Ressuscitou! Vão e anunciem aos outros”. E elas saíram correndo para anunciar aos discípulos (Mt 28,8). Aqui está o início da Missão.
Ser discípulo é ser missionário. Há outros significados para o termo. Os sábios gregos tinham seus discípulos, jovens que os procuravam para aprender sobre a vida e sobre o mundo; os rabinos, no tempo de Jesus, também tinham discípulos, homens que os procuravam para servi-los e ouvir os seus ensinamentos. No entanto, ser discípulo de Jesus era diferente: não era a pessoa que procurava Jesus para ser discípula dele, mas era Jesus quem a procurava e a chamava. Ser discípulo de Jesus não era sinal de prestígio social, pelo contrário, eles compartilhavam a sua vida pobre. Jesus procurava discípulos para prepará-los e enviá-los em missão.
A missão não nasce da leitura de um livro de teologia, nem mesmo do conhecimento da doutrina da Igreja, ela nasce do ENCONTRO com o Cristo vivo, presente por completo na Comunidade, formada pela eucaristia, pela Palavra e pelo próximo. Ao encontrarmos o Cristo, logo temos a sensação de que o teremos sempre sob nosso jugo, tentamos até aprisioná-lo em um grupo, uma teologia ou uma “igreja”. Mas os evangelhos nos mostram claramente no que implica tal encontro: “Vão por todo o mundo” (Mc 16,15); “Serão minhas testemunhas... até os confins da terra” (At 1,8). Sem o encontro com o Cristo vivo, não existe missão. Ser missionário é caminhar com Jesus e saber partilhá-lo com os outros. De resto, tudo é doutrinação, mercado religioso ou simples “marketing cristão”. Esse é o papel da PJ:
Propor aos jovens o encontro com Jesus Cristo vivo e seu segmento na Igreja, à luz do Plano de Deus, que lhes garanta a realização plena de sua dignidade de ser humano, que os estimule a formar sua personalidade e lhes proponha uma opção vocacional especifica (religiosa ou leiga). (Aparecida 446c).
O objeto da missão é o anúncio claro e direto de Jesus de Nazaré, o Cristo vivo. É anunciar seu nascimento, sua juventude, suas palavras, seus sofrimentos, o martírio e a sua ressurreição. Enfim, é proclamar essa verdade, a qual só o encontro pessoal com o Cristo pode nos ensinar, de sua divindade revestida de humanidade. A missão, então, é uma resposta a esse encontro.
A Pastoral da Juventude, ouvindo e atendendo à sua vocação missionária, dever ser PROFÉTICA, MILITANTE e SANTA. Para ser profética, precisa sempre confrontar a realidade com o Evangelho. Denunciar a miséria, a opressão e a marginalização, conseqüências do pecado individual e social, esperando sempre a Libertação Integral do ser humano. Para ser militante, deve ir além dos discursos e teorias sociológicas e teológicas. A práxis libertadora do Evangelho, que é a justiça e a caridade, precisa ser, antes de tudo, opção fundamental do missionário. E por fim, e não menos importante, a PJ deve ser santa. Santidade que nasce do encontro com o Cristo vivo, da oração, da partilha e, principalmente, das três virtudes teologais: fé, esperança e amor. Ser santo não significa ser “bobo”. Significa estar em comunhão pessoal com o Cristo, por todos os elementos citados acima. É assumir uma conduta condizente com o caminho a percorrer. É abraçar o Projeto de Jesus, dando continuidade, de forma atual, à sua missão. É por essa santidade que a Igreja se torna imagem viva de Cristo.
Sabemos também que ser missionário requer muita coragem, são muitos os obstáculos. Ao conhecer as experiências dos primeiros missionários, nos Atos dos Apóstolos, percebemos que quem se coloca à caminho sempre é mal visto por aqueles que querem apagar a lâmpada. Os primeiros missionários sofreram repressão dos chefes religiosos de Israel, que os proibiam de pregar. Foram perseguidos, presos e torturados. A Missão, porém, nunca morre. Matam o sonhador mas nunca o seu sonho. Muitos são os obstáculos: antes a idolatria dos deuses, agora a idolatria do capital, do mercado e do sexo; antes a distância físico-geográfica, agora a distância das portas fechadas e do medo. A missão é difícil, mas se acreditarmos na força do Espírito, que dá vida à Missão, ela sempre será vivida.
Ser Pastoral da Juventude é mais do que apenas sermos grupos de jovens; é mais do que gostarmos das mesmas músicas e termos os mesmos “ídolos”; é mais do que termos os mesmos sonhos. Ser PJ é ser comunidade evangelizadora, é dançar juntos ao som de qualquer música, é seguir os bons exemplos, é realizar os sonhos em mutirão, enfim, ser PJ é missionar em defesa dos jovens e em busca da Civilização do Amor.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Entre lutas, as dúvidas

Busco certezas, pois sou cheio de dúvidas,
Busco amar a vida, mas não temo a morte.
Desejo a paz, por não suportar a guerra,
Sinto falta do carinho, por ser essencialmente carente.
Busco a estrela em você, por sentir profundamente a sua ausência.

Este sou eu... constantemente me buscando,
E quando me encontro, verdadeiramente, então, me perdi.
Meu coração se entusiasma, dispara: é a paixão pela vida,
A descoberta do dia, a alegria de estar aqui, vivendo plenamente.
E em meio a tantas lutas, de medos e ausências,
Ainda sim, sinto em mim, o gestar da felicidade.

Maycon Mazzaro 29.05.2008

terça-feira, 6 de maio de 2008

A mágica canção indesejada...

O vento canta uma canção que há tempos insiste em me encontrar. Por mais que eu não queira ouvi-la, ela penetra meus tímpanos e toma conta dos meus pensamentos e, logo, de meus sentidos. Uma música cantada a uma só voz, que não se importa estar, ou não, afinada, só quer cantar a canção que quer ser cantada.


Penso em silenciá-la mas logo percebo que silênciar o vento é algo impossível, uma vez que, ao ser desafiado, ele vem mais forte qual um tornado. Penso, então, em fazê-lo prisioneiro de minhas aspirações. Novo engano, ele não se prende, não se pode prender o que é livre por essência. Chego à certeza de que a música não pára jamais, somente me deixa depois de já torturada minh'alma e, logo, volta e tudo recomeça.


Ja pedi a Deus que me ajude a interpretar tal canção da forma mais madura, porém, sinto que tenho de assumir essa dificuldade, pois, assim, tenho plena ceteza que ela se vai e não mais voltará. Contudo, se for embora, como as sinfonias sem os acordes, ficarei também eu sem as notas que harmonizam minha vida. "É ruím com ela, pior sem ela". Ninguém consegue sobreviver num mundo sem magia, sem o encanto que só a música tem. E essa é a minha música, escolhida a dedo, para tornar a minha vida mágica.


Maycon Mazzaro (março/2008)

terça-feira, 15 de abril de 2008

A arte da eterna novidade


“O meu olhar é nítido como um girassol. Tenho o costume de
andar pelas estradas olhando para a direita e para a esquerda, e de vez em quando
olhando para trás... E o que vejo a cada momento é aquilo que nunca antes tinha
visto, e eu sei dar por isso muito bem... Sei ter o pasmo essencial que tem uma
criança se, ao nascer, reparasse que nascera deveras... Sinto-me nascido a cada
momento para a eterna novidade do mundo.” Alberto Caeiro

Torna-se muito difícil conjugar o passado com o novo. Ainda mais se esse passado não estiver, necessariamente, enterrado num cemitério abandonado. Precisamente, estamos no tempo e isso significa que caminhamos na medida em que ele permitir. Fora do tempo tudo se torna nada, no entanto, se permanece inalterado, torna-se eterno.
Em oposição, o novo é temporalidade. É o tempo em constante movimento e mudança. Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) casou, de forma brilhante, esses dois fenômenos: a “eterna novidade”. Isso é possível se olharmos e entendermos o homem como ser instável, ou seja, um ser em transformação. Tudo aquilo que se transforma, transforma-se em algo novo, isto é, uma novidade. Se existe transformação é devido ao fato de o objeto em constante mudança ser eterno, ou, pelo menos, ter uma longa existência.
No caso de Alberto Caeiro, o objeto mutável é o mundo, que se transforma constantemente (eterna novidade) causando no poeta o sentimento do nascer a cada momento, ou seja, de descobrir um mundo novo a cada instante de sua vida.
Podemos observar tal sentimento, ou percepção de Caeiro, no correr de nossa vida. Ao lermos um livro encontraremos nele uma mensagem. Se lermos diversas vezes o mesmo livro, teremos, a cada leitura, uma nova percepção dessa mensagem. Ao pintarmos um quadro estamos transferindo a ele nossos sentimentos, por isso, se pintarmos várias vezes inúmeros quadros, a não ser esse houver cópia, estaremos pintando diferentemente a cada um deles.
A arte, portanto, em suas mais diversas composições, transfigura o objeto existente numa outra realidade, que o faz renascer para o mundo. Esse “desvendar” do mundo existente, recriando-o em uma outra dimensão, mostra-nos que é possível tornar “eternamente nova” uma realidade, que não está fora da obra, nem mesmo está contida nela, mas é “a própria obra de arte”.

Maycon Mazzaro
15/04/2008

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Testemunhar a esperança que habita em nós

Como cultivar a esperança ante um mundo tão desigual, violento, impetuoso e corrompido? Não seja talvez uma pergunta de fácil resposta e cada um terá de descobri-la eventualmente. Parece que nesse momento tudo está contra a esperança, no entanto, penso que onde houver um verdadeiro sentimento de amor, lá se renova a esperança. Não faço mera cogitação filosófica, muito menos uma reflexão teológica, unicamente cedo meus pensamentos a uma grande verdade: o amor gera esperança. Sempre que existir um verdadeiro amor a história avançará no concretizar das utopias humanas.
A esperança é a menor das três virtudes teologais (fé, esperança e caridade), mas, em nosso tempo de secularização, auto-suficiência e materialismo exacerbado, deve ser a mais apaixonadamente vivida. Como dizia D. Pedro Casaldáliga: uma esperança invencível!
Uma esperança que abata a decepção, o desespero, os erros da família, da sociedade, da política e da igreja, nossos próprios incontritos erros. Que nos leve a acreditar nas pessoas, esperar nelas, apesar das incontáveis amostras de que não podemos fazê-lo. Aqui, todas as elucubrações e teorias meramente ideológicas caem por terra. Nenhum pensamento político-filosófico, entre todas as ideologias existentes, convoca para o amor. E é extremamente necessário amar a todos, sempre, perdendo ou ganhando, arriscando quiçá a própria vida.
Trata-se de utopia? Sejamos então utópicos. O homem e a mulher não vivem só de pão; vivem de pão e de sonhos. Somente aqueles que sonham podem transformar o mundo e fazê-lo caminhar. Assim viveu Jesus de Nazaré, utopicamente, sem medo de sonhar e, sobretudo, com esperança de que sua utopia do Reino se concretizasse.
Somos construtores do futuro e impelidos a dar testemunho do que acreditamos. Ser o que somos. Falar o que cremos. Viver o que falamos. Nossa esperança é a “arma” da qual dispomos para tornar melhor esse mundo. Se amarmos verdadeiramente a vida e, consecutivamente, o mundo em que vivemos, teremos, verdadeiramente, esperança que outro mundo é possível.
Se houver amor, tomara Deus que seja verdadeiro, teremos o “escudo” do qual necessitamos para cultivar a esperança, dando-lhe novas oportunidades a cada dia, para que, contra todas as desesperanças, a caminho da construção de uma Nova Civilização, possamos testemunhar aquela verdadeira esperança que habita em nós.

Soluços de um mundo caduco


Digam-me vocês: como posso descansar os pés numa bacia com ácido? Eles não suportariam sequer meio minuto expostos ao seu poder corrosivo. Assim inicio minha indagação acerca da saúde psíquica deste vasto mundo no qual vivemos. E, aliás, vida é uma coisa da qual nos distanciamos consideravelmente. Viver é um “sonhar acordado”, um “imaginar” da vida plena. Ora, não sou capaz de compreender o significado dos diversos sinais que surgem e desaparecem no nada. Sinais que nos dizem coisas da vida, essa mesma, distante e imaginária.
No crepúsculo de nossa existência, deparamo-nos com a incansável vontade de pular. Isso mesmo, pular, “escolher entre a vida e a morte”, um suicídio consciente e fugaz. É o primeiro sintoma de um câncer que invade o arché do mundo, ou seja, o principio fundamental da vida. A consciência de “pular” é tal como o “desejar viver”, talvez seja o mesmo principio: eu pulo para conhecer a vida. Quem assistiu o filme A Cidade dos Anjos vai entender o que estou dizendo. Nele, o “anjo da guarda” Seth (vivido por Nicholas Cage) descobre que para ser humano deveria pular ou deixar-se “cair”. É uma analogia do suicídio, pelo qual eu morro para uma vida e renasço para uma ainda melhor. Não obstante, temos o teor da fuga. Mesmo consciente da queda, objetivando quiçá uma “outra vida”, deparamo-nos com o medo de enfrentar o mundo tal como ele é. Aqui, pode estar a grande motivação do pular: tenho que fugir para um lugar melhor. O organismo começa a sinalizar que está perdendo a peleja contra o câncer.
Outrora essencial, aqui a vida aparece sem sentido. É um mero detalhe num turbilhão de coisas mais importantes. Como? Um detalhe? Como pode a morada de todas as coisas tornar-se um detalhe qualquer? É isso mesmo, a vida não possui sentido algum para aqueles que desejam pular. Pode-se afirmar que é pela vida que estão pulando, no entanto, pulam porque já a perderam. Controvérsias à parte, só torna-se suicida quem já morreu. Perdeu a hora do trem e apenas avistou, ao longe, o último vagão. Assistiu a vida passar e contentou-se em perdê-la. Tempus Fugit, diria Agostinho de Hipona. O mundo tornou-se caduco e na sua angústia temporal grita perante a vida.
A saúde psíquica da qual me propus a refletir, não é a saúde da mente, da memória ou qualquer coisa que o valia. É a estrutura vital da alma, isto é, a consciência do ser. Estamos diante de um mundo caduco, “sem eira nem beira”, a ponto de uma catástrofe desproporcional. Falam de aquecimento global, de crises civilizacionais, de política (ou a falta dela), de crise nas bolsas de valores, de alianças espúrias nas eleições, enfim, esquecem-se, infelizmente, da vida. Tudo o que o homem faz pode ser usado para o bem ou para o mal da vida, contudo, bem e mal são como dois fios, um amarelo e o outro vermelho, que a toda hora se entrelaçam. Por muitas vezes embaraçam-se de tal forma que fica impossível separá-los. É a prerrogativa usada por aqueles que, não acreditando na vida, desejam pular. Ora, não podemos vencer o mal posto que esteja de mãos dadas com o bem. Mais uma vez o câncer vence a batalha.
Para muitos é salutar a derrota da vida. Não compreendem que sem ela tornamo-nos vazios e opacos. Tenebrosamente paramos, estáticos, frente ao “Grande Demônio” que trucida a humanidade, como eixo e flexa da involução. Um Demônio sem nome e sem rosto, do qual todos, piedosamente, fogem desesperados. Novamente o mal e o bem caminham juntos – ou como canta Raul Seixas: “de mãos dadas num romance astral” – e arrastam parte dos que perderam o trem. Na Ásia, o Dalai-Lama luta pela libertação de todo o povo tibetano, subjugado desde 1951 pela China, que, usando da violência ditatorial, reprime e mata manifestantes que prezam o direito de serem livres. Os grandes do ocidente interferem, até com violência, em questões de países pobres e fracos, mas ao tratar-se de uma “grande potência”, preferem o silêncio estático e sombrio. A vida continua ameaçada.
Como posso descansar os pés numa bacia com ácido? Não posso, é a resposta. Por que pular se posso descer com meus próprios pés? Por que fugir se devo enfrentar decididamente o câncer que nos acomete? Se quero viver uma “nova vida” preciso, antes, tratar de curar a qual vivo neste instante. É profunda a dor do parto, mas é preciso “partir” para chegar a tempo de subir no vagão da história e des-enrolar o bem do mal. Revitalizar a vida do que antes era um seco deserto. O que nos levará a isso? Sim, o que nos anima, a consciência de ser humano, de estar vivo e de ter domínio sobre a bacia, jogando o ácido pelo ralo e depositando água pura. Nietzsche já dizia: “Sei de onde venho! Insatisfeito como labareda ardo para me consumir. O que toco torna-se luz, carvão quando abandono: sou, com certeza, labareda”. Não podemos viver a vida sem antes sonhá-la.

Maycon D. Mazzaro
19.03.2008

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