Nasceu em Tagaste (África) no ano 354. Depois de uma juventude perturbada, quer intelectualmente quer moralmente, converteu-se à fé e foi batizado em Milão por Santo Ambrósio no ano 387. Voltou à sua terra e aí levou uma vida de grande ascetismo. Eleito bispo de Hipona, durante trinta e quatro anos foi perfeito modelo de seu grande rebanho e deu-lhe uma sólida formação cristã por meio de numerosos sermões e escritos, com os quais combateu fortemente os erros do seu tempo e ilustrou sabiamente a fé católica. Morreu no ano 430 (cf. Liturgia das Horas, IV).
Em suas Confissões, Santo Agostinho se confessa diante de Deus e diante dos homens. Essa afirmação óbvia deve ser completada com outra não tão evidente: seu objetivo ao se confessar diante dos homens não é tanto para que o conheçam, quanto para que os homens se conheçam a si mesmos. Pretende que seu relato seja como um espelho onde possam se olhar. Ele nos faz conhecer isso com clareza, pois a obra contém uma dupla declaração de intenções. A primeira é esta:
"Para que escrevo isto? Simplesmente para que eu e todos os que lerem estas páginas pensemos de que abismo profundo se deve chamar por Vós" (Confissões 2,3,5).
A segunda é esta:
"Vós, que sois o Médico do meu interior, esclarecei-me sobre o fruto com que faço esta confissão. Na verdade, as confissões dos meus males passados - que perdoastes e esquecestes... despertam o coração para que não durma no desespero nem diga: 'não posso'. Despertam-na para que vigie no amor da vossa misericórdia e na doçura da vossa graça" (Confissões 10,3,4).
Se pusermos fé às suas palavras, devemos admitir que a composição dessa obra não obedeceu a nenhum afã de exibicionismo espiritual. Ambos os textos manifestam uma clara intenção pastoral: ajudar os leitores a situar-se diante de Deus e diante de si mesmos. Isto é, a despojar-se de qualquer pretensão de virtude que esqueça o próprio pecado, e a desprender-se do orgulho do desespero que ignora as possibilidades com que conta.
Há doi perigos que espreitam o homem em sua caminhada religiosa, capazes de desviá-lo: o primeiro, o esquecimento da própria treva; o segundo, o desconhecimento da luz de que dispõe. De fato, enquanto existem pessoas que acreditam ver, ignorando a cegueira, outras se condenam a ser cegas, esquecendo que podem ver. Nas Confissões, Agostinho oferece palavras orientadoras para essa caminhada.
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