quarta-feira, 19 de agosto de 2009

PARTIDO DOS TRABALHADORES: A ESPERANÇA E A ÉTICA FORAM JOGADAS NO LIXO!

O ‘Código de Ética e Disciplina do Partido dos Trabalhadores’ afirma em seu preâmbulo: “O Partido dos Trabalhadores nascido com o Manifesto do Colégio Sion, em 10 de fevereiro de 1980, cresceu e se consolidou inspirado pelos ideais de democracia, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria tendo por objetivo a luta pela construção de uma sociedade livre, justa, solidária e democrática, com o objetivo de construir o socialismo. Uma de suas marcas de raiz, que o distingue de forma inequívoca e unanimemente reconhecida na vida pública, consiste na adesão concreta aos princípios éticos da melhor tradição socialista, democrática e republicana”.

Por mais de uma década, desde a minha adolescência, via no Partido dos Trabalhadores um diferencial ético que poucos partidos sustentavam. Este diferencial era abertamente vivido por pessoas como Plínio de Arruda Sampaio, Marina Silva, Eduardo Suplicy, Aloísio Mercadante, Cristovam Buarque, Carlos Signorelli e tantos outros, inclusive Lula e Dirceu, que defendiam uma política mais democrática, justa e transformadora. Acreditava que me filiar ao PT era uma responsabilidade que eu não era capaz de viver. Era o Partido dos sonhos dos jovens da Pastoral da Juventude, dos Grêmios Estudantis, dos grupos de amigos que se reuniam para discutir coisas do dia-a-dia. Particularmente, o PT incutiu em minha adolescência uma Esperança singular de tornar realidade o que era a nossa utopia. Participar do processo que levou o companheiro Lula a ocupar a cadeira de Chefe do Estado foi uma de minhas maiores realizações. Era o início de um projeto que transferiria o poder para o povo. Ser petista era muito mais que pertença política, era uma opção real pela ética e pela democracia, por uma “Revolução” que, segundo o Manifesto de Sion de 1980, tinha como objetivo buscar “conquistar a liberdade para que o povo possa construir uma sociedade igualitária, onde não haja explorados e nem exploradores”.

Hoje, de todos os nomes citados, poucos estão no Partido. O PT fez alianças espúrias, pactuou-se com o diabo, preferindo perder ícones de sua história, como os companheiros Plínio, Cristovam, Marina e tantos outros. A ética deu lugar à luta por poder, ambições pessoais e por um descaso incontinente pela vontade popular. Onde está o PT das lutas e do socialismo? Cadê as bandeiras éticas e autônomas? Creio que já não importa mais. O PT de Luiz Inácio, de José Dirceu, de Ideli Salvatti, Berzoini e cia ltda, enterra por completo a esperança de reconstrução deste partido que aprendi a amar e pelo qual, agora, sinto um possesso desprezo. Aquele PT que lutou pela abertura política, pelo retorno do exilados, pelo impechment do presidente Collor... hoje abraça esse mesmo Collor, defende Renan Calheiros, inocenta um dos maiores crápulas da política brasileira, José Sarney, sem dar ao Congresso o direito de investigá-lo. Como dizia Bertolt Brecht: “Quem não conhece a verdade não passa de um tolo; mas quem a conhece e a chama de mentira é um criminoso!”. Assim considero esses “mui companheiros” que negaram a seus pares o direito da dúvida. CRIMINOSOS!

Minhas sinceras desculpas aos companheiros e companheiras petistas, homens e mulheres sérios, amigos e amigas que amo. Mas esta decepção mes fez chorar, me entristeceu profundamente o coração. O tcheco Václav Ravel acreditava que “a primeira pequena mentira que se contou em nome da verdade, a primeira pequena injustiça que se cometeu em nome da justiça, a primeira minúscula imoralidade em nome da moral, sempre significaram o caminho seguro do fim”. O comportamento da cúpula petista enquanto governo sintetiza nitidamente este pensamento. Todos os atos de traição à verdadeira causa dos empobrecidos e injustiçados, cometidos por essa “comitiva do diabo”, sinaliza para todos o caminho da perdição, do fim desta Esperança tão bonita que tínhamos no PT. A porta mais próxima para este caricato PT, infelizmente, é a lata de lixo.

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