segunda-feira, 25 de maio de 2009

MÍDIA JORNALÍSTICA: PERVERSIDADE E FASCISMO

Em um país no qual a cultura é tratada como pano de fundo para interesses políticos, a oferta de lazer é restrita, a divisão de renda é ilusória e a violência nos espaços públicos é uma vergonha, resta à grande maioria da população buscar entretenimento e informações no ambiente seguro, e nem sempre confortável, de sua própria casa, por meio da televisão ou da mídia impressa.

Aparece aqui um gigantesco espaço para as empresas de telecomunicações, absurdamente controladas, em nível nacional, por apenas seis grupos, que recebem cerca de 90% da receita de publicidade na mídia. Tais grupos, formados por grandes monopólios e famílias influentes regionalmente, exercem um poder quase incontrolável nos meios de comunicação, inclusive no que diz respeito à representação política, tanto em níveis regionais como no nacional. Ora, é fato comprovado que os maiores responsáveis pela “conscientização” das massas são os detentores dos meios de comunicação. Ou seja, o mapeamento e o controle das consciências em nosso país estão em poder da “grande mídia”, do nosso Big Brother da comunicação, como também era conhecido o cartel formado, nos anos 80, pelas seis grandes empresas que dominavam a produção mundial de alumínio, lideradas pela Alcan – as Six Sisters.

No entanto, a discussão a ser empreendida neste texto não é acerca das grandes empresas manipuladoras, mas, sobretudo, dos benditos frutos de seu ventre: os jornalistas.

O papel (ideal) dos meios de comunicação é prestar um serviço social, informando e formando o publico para uma consciência crítica da realidade. Como em toda atividade profissional séria, existe um código de ética para regulamentar as atividades exercidas pelos jornalistas, contudo, apesar da abrangência desse código em relação ao direito à informação, defesa dos interesses públicos etc, há uma relevante crise ética no campo “comunicacional” que abala imensamente a credibilidade da imprensa em nosso país.

Parece que os jornalistas já são formados com o potencial de destruir a imagem alheia, principalmente dos que não se posicionam com a idéia do grupo empregador, e assim, propensos a serem inteiramente incoerentes com a ética jornalística e com sua própria consciência. Nota-se, cada vez mais, a debandada de jornalistas para o lado oposto do que outrora se ligavam. Por exemplo, ontem um jornalista de um folhetim do interior paulista defendia de forma contundente o tratamento imparcial devido ao cenário político; hoje, contratado por uma grande rede de jornal, comandada por uma importante família da elite paulistana, deixou de lado a imparcialidade e atacou, veementemente, o partido de esquerda de seu estado. Futuramente, como se vem mostrando no panorama jornalístico brasileiro, esse distinto profissional, se contratado por um jornal esquerdista, abrirá fogo contra o mesmo partido de direita que defendera momentos antes. Perversidade é o nome que dou a esta situação, não somente incoerência, mas, mormente, perversidade. O jornalista não tem ou não se interessa mais em defender sua opinião, ou, necessariamente, desconhece o sentido da palavra “ética”, prostituindo-se a quem lhe oferecer a melhor oportunidade.

Os profissionais do jornalismo no país, principalmente no escrito, aparelham os maiores disparates, sobre o signo de notícias, para manipular seus leitores. A denúncia descompromissada com a verdade e com o código de ética ocorre tanto no jornalismo impresso como no televiso, revelando a fragilidade e a parcialidade desses meios de comunicação. O denuncismo e o sensacionalismo são cada vez mais usados para “vender” a mercadoria das grandes empresas da comunicação, ora os produtos dos patrocinadores ora as idéias da classe dominante.

Verifica-se, no meio jornalístico, uma prática muito corrente nos regimes fascistas: a destruição da reputação alheia. Usa-se esta prática para atingir a oposição, seja ela política, ideológica ou comercial. Sua estratégia é, literalmente, destruir a imagem de políticos e outros jornalistas na tentativa de impedir a livre circulação de idéias. O traço que mais caracteriza o meio jornalístico atualmente é o autoritarismo disfarçado de democracia.

Na televisão, em todos os telejornais, há o especialista, ou comentarista, que envenena os telespectadores com suas opiniões descabidas, mostrando-se muitas vezes desconhecedor do assunto em pauta, e seus posicionamentos visivelmente alinhados com a idéia da empresa empregadora. Se não for desta maneira, o caminho mais rápido é a porta de saída, como aconteceu com a jornalista Salete Lemos, demitida da TV Cultura após uma contundente crítica a certos políticos e patrocinadores. No caso dos jornais impressos, não há muita diferença. As páginas dos principais jornais do país estão cheias de colunistas que se acham os donos da verdade, que têm como principal meio de trabalho a difusão de falácias acerca da vida de seus “Judas”, prontos para serem malhados. Tais jornalistas, que abarrotam as páginas da Folha de São Paulo, da Veja e demais “caudilhos informativos”, assinam o atestado de incompetência de sua classe profissional, mostrando que somente são capazes de informar e de convencer usando desse instrumento desprezível de comunicação: a conspurcação da imagem das pessoas.
Estes jornalistas cobram respeito à liberdade de imprensa, mas abusam de tal direito para destruir seus inimigos (que são inimigos das empresas que os contrataram). Julgam-se superiores por terem nas mãos o poder de manipular, mas não possuem a coragem de defender seus pontos de vista frente aqueles que podem garantir seu futuro profissional. Vendem-se como mercadorias baratas. Será essa a ética jornalística? Penso que não! Talvez esteja acontecendo com o jornalismo o que há muito tempo acontece com a política: “Enquanto o Czar estiver no poder, o defenderei até a morte. Mas, se Lênin conseguir derrubá-lo, serei vermelho até a sua morte”.

Assim caminha o jornalismo em nosso país, a partir do momento em que passou a ser chamada de mídia e integrou-se à sociedade do espetáculo e do poder. Perversa, enquanto formadora e manipuladora de opinião, objetivando o próprio bem; fascista, enquanto desvirtuadora e destruidora de consciências e de pessoas. Salvem-se quem puder!!!

Maycon Mazzaro

Um comentário:

Reinaldo "Blac'king" disse...

Um texto ótimo! Eu tenho estudado exatamente isso na faculdade de com. social e começo a entender bastante coisa.

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