quarta-feira, 27 de maio de 2009

CRUZEIRO CATÓLICO X COMUNIDADE CATÓLICA


Anuncia-se na Arquidiocese de Campinas um grande evento: O cruzeiro católico. Evento que acontecerá entre os dias nove e doze de fevereiro do próximo ano e que contará com a presença de padres-cantores, artistas católicos, além de centenas de padres que atenderão confissões, celebrarão missas e perderão seu precioso tempo, tão apertado para seus paroquianos, numa viagem de quatro dias com a nata dos católicos da região e até de outros estados. Evento grandioso para poucas pessoas, como toda e qualquer iniciativa de bons católicos. Inclusive, alguns padres de Campinas irão nesta viagem. Direito à folga e ao descanso, dirão alguns. Missão de evangelizar em qualquer lugar, outros responderão. Ilusão dos católicos desprovidos da mesma “fé” daqueles que embarcarão neste memorável acontecimento.

Por Arquidiocese de Campinas compreende-se, além de Campinas, as cidades de Elias Fausto, Hortolândia, Indaiatuba, Monte Mor, Paulínia, Sumaré, Valinhos e Vinhedo. Estamos inseridos numa realidade imensamente desafiadora, mesmo que para alguns esta palavra não passe de teoria. A grande maioria das comunidades da Arquidiocese é pobre e necessita de um cuidado todo especial, devido à carência de seu povo. Até mesmo muitas comunidades ainda não são assistidas pela Igreja Local. Ora, será que há algum tipo de engano nessa constatação? Será que estou enganado quando afirmo que centenas de fiéis, toda semana, saem de suas comunidades em direção ao centro de Campinas para poder encontrar algum padre para confessá-los? E aqueles padres que deixam a campainha tocando ou as pessoas batendo em suas portas até cansarem, pois precisam descansar, não têm tempo de atendê-los. Muitos desses padres irão ao cruzeiro. Como que por milagre encontraram tempo em suas abarrotadas agendas.


E o que dizer daqueles católicos que dariam tudo para poder encontrar o tal do padre Fábio de Melo? Ora, um ícone do presbitério brasileiro cuja fama chegou à maioria das casas de nossa pobre Campinas. Poderão eles participar deste evento? Penso que não, pois não possuem a “fé” financeira da nata católica, ainda trabalham todos os dias, inclusive aos finais de semana. Pobres católicos, não poderão participar de um cruzeiro católico. Outras coisas me incomodam, como por exemplo, aqueles padres que negam ajuda financeira aos grupos de jovens de suas paróquias, aos pedintes na porta de suas casas e nas escadarias de suas igrejas, aos vicentinos e à pastoral da criança, sem esquecer-se da tão maltratada catequese. De onde tirarão dinheiro para pagar esse passeio tão religioso e tão construtivo? Alguns pagarão em suaves prestações (prestações que poderiam suavizar a fome de muitos moradores de rua), outros ganharão entrada franca (vencidos pela soberba). E nosso povo – o povão mesmo – que mantém nossa Igreja viva, quatro dias sem seu líder espiritual. Se algum desses fiéis faltarem no trabalho, não receberão por este dia. Será que algum padre terá descontado quatro dias de seu salário? E tem mais os leigos católicos, fervorosos e ricos, que gastam em nome da fé, coisa linda de se ver! Quiçá possuam a mesma caridade quando lhes pedem um prato de comida. Muitos deles defenderão este evento como se fosse obra de Deus, desejaria que defendessem os filhos de Deus com a mesma intensidade.


Esta situação faz-me recordar as palavras de Jesus quando se deparou com o comércio no qual tinha se transformado o Templo Santo de Israel: “Tirai tudo isto daqui; não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!”. Ou ainda: “... ai daquele que causar escândalos! Melhor lhe fora ser lançado ao mar com uma pedra de moinho enfiada no pescoço do que escandalizar um só destes pequeninos”. A Igreja (morada de Deus) transformou- se em comércio, em ponto de venda de mercadoria, sendo esta o próprio Deus. Percebo claramente que nesta situação, como em muitas outras, o dinheiro foi colocado como condição para a evangelização: se o tenho, então posso partir junto com outros que o têm; se não o tenho, então sou mais um dos milhões que ficam. No entanto, não é preciso que todos vão neste cruzeiro, ele não foi feito pensando em todos. Sim, disso eu já sabia, mas por que o título de católico? Cada dia que passa este título me deixa com mais vergonha. “Ninguém pode servir a dois senhores”.


Já nos dizia Paulo VI, em sua carta Octagesima Adveniens: “Os mais favorecidos devem renunciar a alguns de seus direitos, para poderem colocar, com mais liberdade, os seus bens ao serviço dos outros”. E mais contundente em sua encíclica Populorum Progressio: “Estará o rico pronto a dar do seu dinheiro para sustentar as obras e missões organizadas em favor dos mais pobres?” e ainda, “Quando tantos povos têm fome, tantos lares vivem na miséria, tantos homens permanecem mergulhados na ignorância, tantas escolas, hospitais e habitações, dignas deste nome, ficam por construir, torna-se um escândalo intolerável qualquer esbanjamento, qualquer gasto de ostentação...”. Vê-se que um católico de verdade deveria envergonhar- se de uma situação tão constrangedora como essa. Não só deste cruzeiro, mas de tantas outras formas de esbanjamento que padres e leigos católicos realizam durante todo o ano e todos os anos.


Como católico sinto-me profundamente decepcionado com este comércio em que transformamos a nossa Igreja. Dando mais importância à venda de CDs do que à reestruturação da pessoa humana. Estou envergonhado em saber que muitos padres apóiam este evento que só enriquecerá a agência responsável pelo passeio e de nada acrescentará à missão evangelizadora de nossa Arquidiocese. Sinto-me mais ressentido ao comparar o apoio dado a este evento com o apoio que nossas pastorais sociais recebem de grande parte de nosso clero. Infelizmente não entenderam o que Jesus queria dizer com estas palavras: “Avancem para águas mais profundas, e lancem as redes para a pesca”. Que este cruzeiro seja abençoado por Deus, pois somente ele é quem poderá julgar os atos e omissões de quem quer que seja. Mas que nossas consciências sejam aguçadas para refletirmos o principal objetivo deste “cruzeiro católico”, e para o que a Igreja está sendo usada.


Maycon Mazzaro

14 comentários:

João Baptista disse...

NÃO POSSO DEIXAR DE NOTAR QUE SE EXPRESSAS BEM: PRECIOSO TEMPO! PERDIDO ATENDENDO CONFISSÕES, CELEBRANDO MISSAS? QUE INTERESSANTE SABER QUE ESTE TEMPO LHE SOBRA PARA REDIGIR TAMANHOS ELOGIOS. ESPERO QUE FAÇA O MESMO COM A JUVENTUDE DE FÉ, QUE COM A AJUDA DESTES MESMOS CATÓLICOS DESPROVIDOS DA “FÉ” PUDERAM IR AO ENCONTRO DO PAPA.
REALIDADE DESAFIADORA, QUESTIONADORA E ATÉ LASTIMÁVEL DE ALGUMAS PARÓQUIAS ABARROTADAS DE NECESSITADOS, ESPIRITUAL E MATERIALMENTE. QUEM DERA OS PADRES NÃO FOSSEM TÃO HUMILHADOS E PERSEGUIDOPS PELA MÍDIA, A MESMA QUE, VEZ OU OUTRA, OS PARABENIZA E LOUVA. QUEM DERA NÃO SEREM DEPREDADOS PELOS SEUS, OU AINDA PELOS SEMINARISTAS, QUE MAIS TARDE SENTIRÃO AS MESMAS FLECHAS...
QUE PALAVRAS ARDOROSAS AO FALAR DOS MAIS POBRES, SOBRETUDO DOS FAMINTOS. SÓ SERIAM MAIS VERDADEIRAS SE, COMO MADRE TERESA DE CALCUTÁ, DEIXASSES A PROTEÇÃO DAS PAREDES LARGAS DE SUA MORADA E SE DIRIGISSE ÀQUELES DE QUEM USAS PARA TÃO GRANDE CRITICA AOS SACERDOTES. NÃO SEI SE O CRUZEIRO CATÓLICO DIFERE EM MUITO A UM PASSEIO COMUM. MELHOR QUE ESTES FIÉIS GASTEM SUAS ENERGIAS EM BALADAS NOTURNAS, OU QUEM SABE SE DELICIEM EM ALGUM CRUZEIRO COM TEMÁTICA MAIS ATRATIVA: DOS SOLTEIROS OU GLS?
QUEM DERA EM LUGAR DE CRUZEIRO CATÓLICO FIZEMOS UM INTERCLESIAL, COM MÃES DE SANTO E DESPACHOS... DAÍ PODERÍAMOS USAR O NOME DE “CATÓLICO” SEM, VERGONHA ALGUMA. “NINGUÉM PODE SERVIR A DOIS SENHORES”. COMERCIALIZAR NA CASA DO PAI É UM ESCÂNDALO, FAZER-LHE UM PALANQUE É ABERRAÇÃO... NÃO SÃO OS PEQUENOS QUE SE ESCANDALIZAM COM A IDÉIA DE UM CRUZEIRO CATÓLICO, POR MENOS QUE POSSA PARECER UM “PROGRAMA” CATÓLICO. SERIAM MAIS ACERTADOS SE PUDESSEM VISISTAR JERUSALÉM OU LOUDES, FÁTIMA OU APARECIDA. E A MAIORIA NÃO DEIXARIA DE TER UMA EXPERIÊNCIA DE DEUS! MAS SERÁ QUE EM UM CRUZEIRO É MUITO MAIS DIFICIL ORAR?
ESBANJAR SEMPRE É UMA INJUSTIÇA. APLICAR SEUS BENS EM LAZER É ESBANJAR? APLICAR EM ATIVIDADES RELIGIOSAS PESSOAIS É ESBANJAR? APLICAR EM BUSCA DO DIVINO É ESBANJAR? ESPERO QUE AOS SEMINARISTAS E PADRES SEJA VETADO QUALQUER LAZER, AFINAL FORAM FEITOS PARA O SACRIFICIO. NÃO CONSTITUEM FAMÍLIA PARA ESTAR A SERVIÇO DA ECLESIA; POR ISSO MESMO NÃO PODEM TER POUSO E DEVEM ESTAR DISPOSTOS A IR PARA A PARÓQUIA QUE FOREM ENVIADOS; DEVEM RESPONDER PELAS ALMAS QUE TAMPOUCO QUEREM SER INSTRUÍDAS, ANTES, DESEJAM INSTRUIR SEUS SACERDOTES... É, ATÉ QUANDO TEREMOS PADRES? MESMO TORNANDO SEU LAZER EM ATIVIDADE CATÓLICA SÃO CRITICADOS!
QUE O CRUZEIRO SEJA ABENÇOADO À MEDIDA QUE OBTIVERES ÊXITO EM LEVAR AS PESSOAS A REZAR E, POSSIVELMENTE, RETORNAREM ÀS COMUNIDADES MAIS DESEJOSAS DE PARTICIPAR. NÃO PENSE QUE OS PADRES NÃO RELUTAM EM SI-MESMOS, AFINAL, UM EVENTO DESTES, EXIGIRÁ DELES OUTROS SACRIFICIOS. . . NÃO É DO JOVEM QUE ESCREVE A AUTORIDADE PARA JULGAR OS ATOS E OMISSÕES DE QUEM QUER QUE SEJA. RESERVA-SE AO PAI O JULGAMENTO. SÓ PEÇO AO SENHOR, NOSSO DEUS, QUE SEJA MENOS SEVERO COM O REDATOR DE TÃO AGUÇADAS CRITICAS. NÃO USEIS, Ó PAI, DA MESMA MEDIDA!

Maycon Mazzaro disse...

Caro João Baptista, muito obrigado pelo comentário, sê sempre benvindo às Fronteiras da Esperança. Sua opinião é muito valiosa para o bom andamento de um verdadeiro discernimento.

Paz e Bem!

carlinhos.juca@yahoo.com.br disse...

MAYCON, SEU TEXTO ESTÁ BRILHANTE. TRADUZ O QUE NÓS SENTIMOS DIANTE DESSA VERGONHA. FALAR DE TERESA DE CALCUTÁ É FÁCIL, COMO O DISTINTO AMIGO DISSE, MAS VIVER COMO ELA VIVEU É QUE É DIFÍCIL. A IGREJA, MEU IRMÃO, NÓS, LEIGOS E LEIGAS, QUE TRABALHAMOS NAS PASTORAIS, DESEJAMOS VER PADRES MAIS PRÓXIMOS DO POVÃO, MAS ELES TÊM MEDO. MEDO DE SEREM DESMASCARADOS POR SUAS ABERRAÇÕES. MEDO DE SEREM CONVERTIDOS E DE PERDEREM OS FAVORES E PRESENTINHOS QUE AS MADAMES (QUE IRÃO NO CRUZEIRO) DÃ0 A ELES. PARABÉNS. E QUE A FÉ JOVEM NUNCA DESAPAREÇA DE NOSSA IGREJA.

CARLOS

Talvacy Chaves disse...

caro João Batista,
O seu sentimento ou reflexão sobre a realidade atual da Igreja e dos seus ministros reflete coerentemente o pensamento do povo em geral. Os cruzeiros católicos anônimos já estão espalhados na maioria da vida dos nossos padres. Isso é fato. Penso que o CC (Cruzeiro Católico) con C maiúsculo possa, agora, despertar nos leigos conscientes uma reflexão madura e crítica dos seus pastores e, quem sabe, venha ser um sinal profético e libertador para a Igreja em geral
Meus parabéns por nos ajudar a enxergar a nos mesmos e a Igreja de forma mais humana e cristã. Talvacy Chaves, Roma.

Unknown disse...

Prezado Maycon, parabéns pela bela observação. De fato, é lastimável enxergar certas realidades em nossa Igreja. Por outro lado, é lamentável a observação feita por João Baptista. Realidades gritantes existem para serem observadas, refletidas e, se possível, combatidas. E vemos aqui duas dessas realidades.
Uma delas mais recente, o crescimento dos pop-star e megaeventos tidos como católicos, pois sendo católicos deveriam ser universais e abranger a todos.
A outra realidade é bem mais antiga e é a razão de ser de nossa Igreja, a luta em favor da vida e vida digna. Por vezes esta realidade maior é desculpada e camuflada. Creio que sejam pontos que deveriam ser melhor refletidos para nossa vida enquanto humanos, principalmente, e depois enquanto Igreja Católica.

Abraço a todos,
Flávio.

Thiago disse...

Caro João Baptista, não esquenta, o Pai usará uma boa medida para com aqueles que defendem os pobres, lembra deles?
Já para com aqueles que defendem Cruzeiros Católicos, acho que a medida será diferente.
A propósito: esteja com os pobres, abrace-os, defenda-os, lute por eles, dei a sua vida por eles, lembre de Jesus, caminhe com ele, talvez vc veja o sorriso do cristo à vossa ilharga.
Lembre-se: que o maior seja o menor! Desculpas, se algumas de minhas palavras lhe ferir o coração.

José Aniervson disse...

Caro Maycon,
Confesso que eu nunca havia pensado nessa perspectiva antes de ler esse texto. Realmente é uma lástima o que está acontecendo com nossos pastores. Ainda bem, que existem pessoas que repudiam e reivindicam essas atitudes... Só poderá mudar pq existem cristãos que provaram Jesus...
Paz e Bem...

PJ aqui... PJ lá... PJ em todo lugar...

Daniel Pereira Volpato disse...

Paz e bem!
Você exagera, meu caro.

"prestações que poderiam suavizar a fome de muitos moradores de rua"

Só falta achar que se deve vender o Vaticano também, com seus "tesouros", pra acabar com a fome no mundo. Acontece que o Vaticano alimenta a fé da instituição que mais tem obras de caridade no mundo, muito na frente do 2o lugar.

Um padre tem direito, sim, à alguns dias de férias por ano. Quem acompanha de perto a vida de uma paróquia sabe que é muito sofrido, muitas atividades, pouco descanso. Pouco padre para muita gente.

Um padre recebe salário e não precisa doar tudo aos pobres assim como eu não preciso doar todo o meu salário. Ou você por acaso doa todo o seu? O salário é fruto justo do seu trabalho, do meu, do teu. Por acaso não pode usá-lo para um pouco de lazer, para mandar um presentinho para sua mãe, fazer uma peregrinação ou um cruzeiro? Aliás, cruzeiro que permitirá que alguns tenham sua fé reavivada.

Veja, não estou dizendo que concordo com o tal cruzeiro. Mas meu motivo é outro. Não gosto de "catolicar", se me permite o neologismo, tudo. Lanchonete católica, barzinho católico, cruzeiro católico. Daqui a pouco vai ter até banheiro católico. O católico é aquele que age no mundo, e dá testemunho no mundo, aonde quer que esteja. Essa visão puritana de que o profano não presta é coisa de protestante. Por isso não concordo com o cruzeiro. Querem promover um momento onde as pessoas possam encontrar-se com Deus, que façam um retiro.

Você se diz comunista desesperado. Bom, isso justifica teu ponto de vista. Só gostaria de lembrá-lo que o comunismo é mal em si, segundo a doutrina católica. Em outras palavras, não presta, não é a solução do mundo e a prova disso é de que todos os que tentaram implantá-lo falharam.

Em Cristo, Salvador,
Daniel

Maycon Mazzaro disse...

Daniel, Paz e Bem!

Só para constar, sei muito bem da rotina de uma paróquia e do trabalho que os padres desenvolvem nelas. O que escrevi é referente aquilo que conheço, note que não escrevi genericamente, a respeito de outras dioceses senão da qual sou membro. Acredito, sim, que existe inúmeros padres que merecem seu descanso. No entanto, também acredito que muitos não o merecem, por diversas razões.
Sobre o Vaticano, realmente não sustento a idéia da necessidade de um Estado da Igreja, mas também não acredito que "vendê-lo" ajudará em alguma coisa. Pelo que conheço, a Cidade do Vaticano é mais um museu, que não deixa de contribuir para a nossa fé.
O "comunista desesperado" não justifica meu ponto de vista, pois, antes de tudo, sou cristão e acredito no "Comum", como nos ensina os Atos dos Apóstolos. Se você é realmente um bom cristão (e não quero julgar se é ou não) deve saber que a idéia comunista não pode ser "mal em si", até porque sua essencia nos diz muito do cristianismo primitivo. Agora, concordo com você se disser que todas as tentativas de colocá-lo em prática esbarraram, e morreram, na idéia da ditadura do proletariado e do marxismo economicista.
No mais, muito grato pela participação neste debate, só nos enriqueceu com sua contribuição.

Na Paz do Cristo sempre Jovem!

Unknown disse...

Caro irmão, A paz de Jesus!
Acho que devemos respeitar as diversas opiniões e gostaria de deixar a minha aqui. Acho que todas as ovelhas perdidas devem ser "buscadas" e o cruzeiro (que se denomina católico para que tenhamos certeza do que iremos participar) pode até ser uma forma de atrair sim os mais "abastados", que também são filhos de Deus. Acho sua visão muito voltada à Teologia da Libertação (condenada pela Igreja exatamente por pregar um Cristo comunista). Jesus não é um jovem revolucionário, muito menos o Libertador (isso é uma visão judaica de Jesus que até hoje espera o Messias), Ele é Deus Filho que veio ao mundo para nos salvar e nos mostrar o Caminho. Que pena que as pessoas ainda julgam demais as outras e acham errado ter dinheiro, errado é tê-lo desonestamente. Muitos que irão participar desse cruzeiro fazem economia pra ir e não são ricos poderosos despreocupados com os mais pobres. Antes de criticar a Igreja e seus filhos amados, as pessoas deveriam lutar para que nosso país pudesse ter uma consciência mais humana e menos egoísta. Dizer que alguém "perde tempo" em confessar um filho da Igreja é, no mínimo, uma covardia, pois sabemos que esse sacramento já salvou e continuará salvando muitas vidas... Ainda falta muito para todos nós chegarmos a Jesus!! Que pena!!! Ah, só para constar, eu não vou ao cruzeiro...

Maycon Mazzaro disse...

Márcia, a paz e o bem!

Obrigado pela contribuição.

Que Deus te abençoe!

Anônimo disse...

Recentemente promoveu-se um show do Pe. Fabio de Melo em uma cidade próxima e, claro, com ingresso pago. Mas o mais vergonhoso é que existiam dois valores: R$ 25,00 para arquibancada e R$ 50,00 para a área privilegiada mais próxima do palco. Pasmem! Além de cobrar por uma "evangelização" ainda se previligia o mais rico, que pode ter área especial, umilhando ainda mais o pobre povo. Graças a Deus ainda temos o exemplo do Pe.Zezinho (SCJ) que não é desses Padres Astros Pop e sim verdadeiro evangelizador!

Rose disse...

Caro Maycon,


Seu texto me fez refletir algumas questões.
Não posso deixar de concordar com você em algumas colocações muito pertinentes como sobre falhas na igreja em atender mais eficazmente os mais necessitados. O que não posso concordar com você é que as pessoas se privem de usufruir de alguns recursos que têem por serem de um padrão economico mais alto do que outros. Penso eu, que não podemos querer que "católicos" deixem de ter vida social
ativa (viagens, passeios, cinema shophings etc) e bens materiais (casas própria, carro e outros) por causa daqueles que não tem as mesmas condições financeiras.
O que nós católicos não podemos é deixar de partilhar, de ser solidários para com os mais necessitados.
Quando você cita Madre Tereza de Calcutá, me vem um questionamento no coração: Será que você, Maycon, como católico que é, tem uma vida condizente com aquela que você toma com exemplo e principalmente com aquela que você cobra da igreja por ter realizado esse cruzeiro?
Acho que quando nós católicos somos os primeiros a criticar nossa igreja estamos dando espaço e abrindo portas para que outros o façam. Não quero dizer com isso que devemos fazer vista grossa com o que fere nossa igreja e sim dizer que devemos ser cautelosos com as críticas para não sermos motivo de enfraquecimento da fé de outros irmãos.
Aproveito para fazer minhas as palavras do caro João Batista: "Que o Senhor Deus possa ser menos severo contigo em Seu julgamento".
Para finalizar, também não fui ao cruzeiro, mas não por falta de vontade e sim porque foge do meu padrão de vida, o que não é uma crítica aqueles que tiveram o prazer de fazê-lo.

Um abraço fraterno!
Rose

Maycon Mazzaro disse...

Oi Rose, obrigado pela participação em meu blog. Como já havia escrito no texto, os julgamentos são meus sim, no entanto, quem escreve sobre o "esbanjar" dos ricos não sou eu, mas a Igreja e sua tradição. Citei em meu texto documentos do papa Paulo VI, o que foi repetido por diversas vezes por João Paulo I e João Paulo II. Os ricos podem sim manter a vida social, mas se são católicos devem ser coerentes com a fé que professam e, mais, com o Deus que seguem. Quando deixamos de ajudar os que precisam e de partilhar o que temos, começamos a adorar outros deuses. a respeito de criticar a nossa Igreja, penso que tanto eu, como vc ou qualquer outra pessoa, mesmo que não seja membro dela, tem o direito de criticá-la, pois ela está no mundo e o mundo julga o que vê.
Se minha vida é condizente com o que acredito, talvez não, e por isso luto a cada dia para ser diferente daquilo que penso ser errado em nossa Igreja. Se estou certo ou errado, não sei, mas vale tentar ser melhor a cada dia.

Mais uma vez, obrigado pela participação

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