segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sofrimentos...

Quantas pessoas não se entregam todo dia ao sofrimento? Não estamos preparados para ele. Nunca estivemos. O grande problema do homem é o medo de ser humano. Nossos limites nos mostram que somos inacabados, que necessitamos de amadurecimento e que nossas raízes devem ser cuidadas todos os dias. A negação do limite pessoal nos impõe o sofrimento de nos sentir fracassados, frustrados com o que não deu certo, com o que passou do limite.

O medo que temos de assumir a nossa limitação, a nossa condição humana, torna nosso sofrimento cada vez mais forte. E o cuidado que temos de ter é o de não assumirmos o sofrimento como condição vital. Dizia Nietzsche que quem luta com monstros deve ter cuidado para não se transformar em monstro. O sofrimento é o monstro que aterroriza aqueles que nele acreditam. É o fantasma que ronda nossos sonhos e que se alimenta abundantemente dos nossos medos. Devemos olhar nos olhos desses fantasmas e decidir se eles realmente merecem tamanho respeito.

O medo de sermos limitados não pode impedir que nossas vidas continuem. A dor que o sofrimento emplaca não pode ser maior que a esperança de superá-la. Se olharmos muito tempo para o abismo, o abismo também olhará para dentro de nós. E isso nos impede a possibilidade de viver.

Viver é a capacidade de transformar-se a cada dia. Mudar. Reformar o que está ruim. Se entendermos que nossos limites são importantes para nosso crescimento, aprenderemos a lidar com nossas mágoas e decepções. Se confiarmos que possuímos o potencial de curar feridas, seremos capazes de ultrapassar barreiras e vencer sofrimentos. O principal de tudo isso é acreditarmos em nós mesmos e nas possibilidades de transformação que aparecem em todos os momentos de nossa vida.

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