terça-feira, 21 de julho de 2009

Na pastoral...




— Aqui estou, Senhor, um burrinho pobre e
sarnento. Em que poderei te servir?

— Filho, um burrinho pobre e sarnento foi o
meu trono mais precioso em Jerusalém.

Olha para a humildade de Jesus: um burrinho foi o seu trono em Jerusalém!Quanto mais penso sobre vocação, mais me lembro daquele burrinho, no qual se assentou Jesus na entrada de Jerusalém. Por mais frágil que fosse aquele animal, fora ele o escolhido para carregar o Senhor e levá-Lo à cidade na qual os acontecimentos mais importantes da história da Salvação se sucederiam. Havia centenas de animais mais bonitos, mais capazes e mais fortes, mas Ele preferiu aquele burrinho para se apresentar como o Messias perante o povo que O esperava.

A história do nosso chamado – vocação – é a mesma deste burrinho. Por muitas vezes ouvimos a voz de Deus nos convocando para a missão mais importante de nossa vida e, por não confiar na singeleza do Senhor, decidimos não ouvi-Lo. “Eu, quem sou eu para que Deus me chame?” Esbarramos em nosso medo de não valermos nada aos olhos do Senhor. Há tantas pessoas mais preparadas que eu, tantos jovens com mais vigor e mais docilidade para aceitar Seus comandos, não iria, de modo algum, Deus me escolher para levá-Lo perante o povo. Mas Ele escolheu o burrinho em Jerusalém. Não escolheu um cavalo de trote seguro e austero. Tampouco escolheu um burro adulto, forte e tenaz. Escolheu o jovem burrinho, de orelhas esticadas como antenas, comilão, fraco para o trabalho, com o trote alegre, mas tímido.

Nesta vida, vemos, em demasia, pessoas que aceitam o chamado de Deus mas se fazem de bravos cavalos, nobres alazões em suas altivas marchas, com suas selas douradas e pungentes. Acabam derrubando de seus dorsos Aquele que deveriam carregar até o povo. Nossa resposta a Seu chamado deve ser com prontidão de quem não teme ser usado como dorso para carregar o Senhor. Como dizia certa vez dom Hélder Câmara à madre Teresa de Calcutá: “Veja todos esses aplausos. Nós somos os jumentinhos e os aplausos são para Aquele que estamos carregando em nosso lombo.” O Senhor nos chama como burrinhos e assim devemos ser até o final da jornada, quando Ele já tiver sido levado à todas as pessoas. E se Ele nos chama, a nós tão fracos e doentes? Um diálogo entre Santo Escrivá e Nosso Senhor: “Aqui estou, Senhor, um burrinho pobre e sarnento. Em que poderei te servir?” E eis a resposta de Jesus: “Filho, um burrinho pobre e sarnento foi o meu trono mais precioso em Jerusalém.”

Que Deus nos faça Seu burrinho e que Sua vontade seja feita entre nós!

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