sábado, 11 de setembro de 2010
O Caderno
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Pedras lapidadas
Ato de amor. O amor é a capacidade de ver o outro de forma diferente. Em meio à multidão você percebe o outro, ele se torna especial, tem um sentido para sua vida. O ato de amor, que é dar sentido às coisas, é esse “retirar” o outro da multidão, separá-lo do comum para um lugar especial. Necessariamente, amar é descobrir a sacralidade do outro. Descobrir, perceber o sentido que as coisas têm para mim é lapidar o diamante sem forma, dando-lhe contornos indizíveis. É deixar de lado a superfície e atingir o mais profundo.
A vida humana é um imenso garimpo, onde os garimpeiros procuram as pedras mais preciosas. Nela os diamantes ainda permanecem preservados. O amor é revelação, inauguração, tem o poder de transformar aquilo que é velho em novidade. Mudar a pedra sem brilho no mais brilhante tesouro. Pode parecer surpreendente, e certo que é, mas o amor tem o poder de retirar a lasca, de curar a ferida, de imprimir um novo sentido ao que antes era apenas pedra, dura e suja. É o milagre da transubstanciação, quando, por força do amor, podemos fazer uma realidade ser outra. O ser humano é assim, quando tocado pela força transformadora do amor, abre-se para uma nova realidade. Mas o que nele é transformado, os olhos humanos despreocupados não conseguem ver. É algo que não podemos compreender, é o humano sendo banhado pelo divino, é o sentido daquilo que amamos nos falando, dando-nos novo sentido para a vida.